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Músicos nacionais cantam para “Xilunguine”

“Maputo cidade, como tu não há, com toda a vaidade … cidade surpresa, quem não te quer cantar? Se a tua beleza tem tudo para encantar… Maputo u xonguile demais, xilunguine quem te abraça não te larga mais…”. É apenas uma letra escrita pelo músico Hortêncio Langa, que, na noite de terça-feira, combinada à sua melodia, homenageou Maputo, pelo que é e pelos 133 anos.

Não foi só Langa que cantou para a cidade das acácias, mas vários músicos moçambicanos juntaram-se para, através de melodias, prestar homenagem à cidade que quem abraça não a larga mais….

A banda Alambique, Sheila Jesuíta, o agrupamento Gran’Mah e os músicos António Marcos e Mr. Bow, fizeram o show “diferente” sem público, mas cheio de vida, luz, cor e emoção.

Os artistas não só cantaram, mas aproveitaram o momento para chamar atenção sobre a situação da COVID-19, que assola a cidade dos maputenses, a mais afectada no país.

“Nós, cidadãos desta grande cidade, devemos ter muita cautela, temos que nos cuidar para evitar a propagação da COVID-19. Agora temos que festejar a cidade sem os seus cidadãos e isso me entristece”, apelou e lamentou Hortêncio Langa, músico acostumado a actuar para um público presente.

“Se cumprirmos com as medidas, daqui a pouco estaremos a fazer show’s grandes aqui à frente da praça. Sentiremos a vibração e o calor do público”.

O público não esteve lá para vibrar, mas os artistas tocaram e dançaram, transmitindo o calor através das telas da STV.

A vocalista da banda Gran’Mah, Regina dos Santos, não podia antes imaginar um espectáculo sem a presença do público. Na noite de terça-feira passou pelo que não queria, mas sublinhou que pior seria se não “celebrasse o dia da cidade sem música”.

A vocalista defende que o amor entre os moçambicanos e o povo de Maputo deve prevalecer, e que “unidos à distancia” possam acabar com a pandemia.

E como a cidade não escolhe quem acolhe, não só estiveram músicos nascidos, mas aqueles que vieram e nunca mais saíram, como o caso de Mr. Bow, nascido em Gaza, e que veio à cidade das acácias à procura de melhores condições de vida. Conseguiu e tem hoje em Maputo a sua casa.

E Por ter nela o seu aconchego, Bowito diz que a celebração da data não é apenas pelos 133 anos, mas também pelo que representa na vida dos maputenses e não só.

“Desejo igualmente que esta cidade continue a crescer, a trazer melhorias e mais coisas boas aos maputenses e não só, e que haja mais oportunidades para os cidadãos”.

A noite não foi só recheada de música, houve igualmente homenagem para quem muito fez pela cidade, o músico e guitarrista Moisés Mandlate, um dos compositores da música “Elisa gomara saia”, o único vivo hoje e com 100 anos de idade.

Segundo Isabel Macia, vereadora na autarquia de Maputo, Moisés Mandlate foi homenageado por ter projectado a cidade através da música na Orquestra Djambo, criada nos anos 50, com o objectivo de abrilhantar os eventos culturais do antigo Centro Associativo dos Negros, hoje Ntsindya, no Xipamanine.

“A acção de Mandlane no grupo Django, como um dos percursores, foi notável, pois foi com este grupo que a música tradicional moçambicana se urbanizou e passou a invadir os salões de festa das agremiações”, referiu a vereadora.

O músico foi laureado com a distinção mais importante: a medalha de excelência “Acácia Rubra”.

 

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