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Município retira nativos para construir escola em Katembe

Trata-se de um número de famílias não contabilizadas, que ocupam cerca de três hectares de terra, no bairro Inkassane, no quarteirão 17 da zona de Mutsekwa, que está a disputar a terra com as autoridades municipais, porque estes exigem que a população se retire do local para dar espaço à construção de uma escola de formação profissional.

As famílias apresentaram os documentos para a regularização dos espaços em causa e recusam-se a deixar o espaço alegando que lhes pertence e que o município está a ser injusto com a população.

Helena Chilaule é residente do quarteirão 17 há mais de 20 anos, o seu espaço compreende uma extensão de 100 metros quadrado, que usa para a sua cultura de milho e amendoim. Ela mora dentro do espaço onde deverá ser construída uma escola de formação técnico-profissional. Como muitos outros nativos, Helena recusa-se a sair do local.

‘’Eles disseram que devíamos sair daqui e negamos, porque não queremos ir a lugar algum, só queremos o nosso espaço. Sobre a escola que querem construir, aqui atrás de nós tem um espaço vazio, que desde que chegamos nunca foi cultivado. Podem ir colocar a escola lá’’, disse.

Já Ana Ernesto, uma das abrangidas conta que as autoridades estão a agir de forma grosseira e alega que estão a ser injustiçados por pertencerem a um determinado grupo, especificamente, por serem xanganas.

‘’Eu tenho cerca de três quintas e meia na minha machamba. Não havia barulho, e assim que ele foi colocado como secretário do bairro ele veio arrancar-nos espaços para vender e nós a vermos, devemos aceitar? O meu filho não pode entrar no terreno onde eu cultivei… O meu próprio filho deve comprar terreno com as autoridades, faz sentido isso?’’

Segundo os residentes, maior parte deles são nativos, ocuparam o espaço há mais de 20 anos.

O vereador do distrito municipal da Katembe diz que a população deverá retirar-se do espaço, porque a construção de uma escola naquele local faz parte do plano de urbanização do distrito municipal da Katembe. E garante que as famílias serão atribuídas novos espaços.

‘’O nosso interesse é colocar um bem público e que com essas pessoas abrangidas vamos encontrar formas de enquadra-las e formas de ressarcir caso tenham alguma construção. Depois de anunciarmos que há uma escola para a comunidade, o primeiro exercício foi de identificar as pessoas que ocuparam aquela zona’’.

O vereador, António Tovela, garantiu que será a melhor forma de resolver o problema com as populações. Acrescenta que a construção da escola trará muitos mais benefícios para a população e para as crianças locais.

 

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