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Mundo está carente do espírito olímpico

O que há de mais sublime numa Olimpíada, é o reencontro da Humanidade consigo própria, através da forte arma que pode unir os povos: o desporto. Durante os Jogos Olímpicos, esquece-se o belicismo, reinando o espírito de paz e de concórdia. 

E a pergunta é: porquê só de quatro em quatro anos? Porque não o “contágio”, em permanência com o mundo, dos ideais olímpicos cada vez mais arredios das mentes, tanto de governantes como de governados? 

Em tempo de olimpíada, os participantes tornam-se embaixadores de afectos, divulgadores dos hábitos e bons costumes, através da transmissão da cultura local, da culinária, etc. O desporto, nessa ocasião, ri-se na cara dos preconceitos rácicos, da diferenciação entre países pobres e desenvolvidos, regimes de direita, centro ou extrema-esquerda, que tanto dividem a Humanidade. Homens e mulheres, sem complexos, esquecem-se dos horrores de um mundo em convulsão, trocando afectos ao invés de tiros. 

DESFILE DA RAÇA HUMANA

Lindo, muito lindo, é o desfile da raça humana, através da nata do desporto. E porque as modalidades, ao mais alto nível competitivo moldam os corpos, torna-se fácil identificar através do aspecto físico a modalidade por cada um praticada. 

Vestes formais e informais, que vão das saias com que os habitantes de Papua Nova Guiné e Tonga desfilam, aos trajes asiáticos e africanos multicolores… tudo é cor e alegria. E o que dizer dos penteados, da forma de andar, das preferências gastronómicas, dos abraços e beijos que nalguns casos acabam selando relações para toda a vida?

A cada Olimpíada, os organizadores esmeram-se no ineditismo quanto à originalidade. As cerimónias da abertura e do encerramento, nunca são iguais a cada nova realização. A beleza e originalidade, são elevadas ao mais alto nível, de tal forma que dificilmente quem pela primeira vez assiste ao vivo aqueles momentos, consegue “segurar” as lágrimas rebeldes nos seus olhos…

E é assim que os basquetebolistas desfilam do alto dos seus dois metros e picos, os nadadores distinguem-se pelo comprimento dos braços em cintura estreita, os ginastas pela graciosidade dos movimentos, os pugilistas pela cana do nariz maltratada, os halterofilistas pela largura dos pescoços e musculatura anormal…As modalidades de luta, são um símbolo paradigmático: sobe-se aos ringue, bate-se forte, mas no final vêm os abraços e, bastas vezes, a troca de contactos para novas pelejas. Com alguma graça se diz que a véspera dos Jogos Olímpicos se pode comparar a um casamento: primeiro flâmulas, flores e troca de lembranças. Os pontapés e os murros vêm depois…

DIAS DE SONHO

Na Vila Olímpica, os almoços, lanches, refrescos e águas minerais, são “mahala” (de graça). E se é verdade que a ocasião serve para partilhar refeições sem ter em conta o bolso de cada um, também é visível que para os atletas de países mais desfavorecidos o momento serve para “tirar a barriga de misérias”.

O momento de forma impõe regras, pelo que cada “garfada” de uma estrela, obedece ao controlo apertado do nutricionista. É a alta competição na sua expressão máxima, não sendo estranho que um latagão com 150 quilos tenha que comer apenas uma pequena salada num pratinho, quando a seu lado a um “lingrinhas” tenha sido recomendado que coma uma pilha de pratos variados, de forma a subir o peso para atacar a medalha da divisão acima a sua.

São 20 dias de sonho para alguns, num ambiente de “neón” diferente, em todos os aspectos, por poderem partilhar o mesmo espaço das estrelas que por vezes só vêem pela televisão.

Todo o espírito olímpico é produto de um trabalho e de um pacto entre os governos e os cidadãos, com alguns anos de antecedência. É um mês de envolvência não só dos actores principais, mas de todo o citadino, do polícia, ao taxeiro, empregado do hotel ao vendedor de pipocas. Todos “beberam” o espírito olímpico que os tornou mais gentis e corteses para com o visitante.

As Olimpíadas, com todos os condimentos que caracterizam a competição considerada como a maior confraternização planetária, apresenta-se como um exemplo que poderia e deveria ser seguido, em permanência pelo Mundo. 

 

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