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“Muery”: mais um livro para os leitores de Amando Artur

Mais um livro de Armando Artur será lançado amanhã, novamente, pela editora Cavalo do Mar. A cerimónia de lançamento de Muery, elegia em Si maior vai acontecer no Auditório do BCI, na cidade de Maputo, a partir das 18 horas.

A obra literária que integra a colecção Filhos do Vento da Cavalo do Mar é uma experiência que, na percepção de Armando Artur, resulta da expressão de muito sentimento, o que exigiu do poeta colocar-se na pele de um artista plástico, afinal as palavras dos poemas revestem-se intensamente de imagens geradoras de retratos representativos da vida. Bem dito, Muery (do echuwabo, lua ou mês) pode ser entendido como um ensaio sobre as artes plásticas, no qual Armando Artur sentiu a necessidade de traduzir em livro alguma emoção relativa aos que perderam um ente querido por si colocado no mundo. Para o poeta, aí encontra-se o poder da literatura, o de transformar a dor sentida ou assimilada de outrem em diálogo com a humanidade. “Nós, os poetas, somos intérpretes da vida, da natureza e de humanidade. Conseguimos sonhar um sonho que não seja necessariamente nosso”, gracejou Armando Artur, reconhecendo que o seu novo livro de poesia, escrito de 2008 para cá, transporta um certo sentido de consolo.

Assumindo que a literatura pode funcionar como terapia, tendo escrito sobre a dor, Armando Artur não está livre do que lhe levou a escrever o livro, pois “um poeta nunca está conformado com alguma coisa, por isso a terapia da dor não está completa. O livro nunca vai curar a dor que sinto. Na condição de criador, a dor sempre estará la. Portanto, crio por inconformismo”.

Outra abordagem recorrente em Muery, elegia em Si maior tem que ver com a liberdade. Sobre a temática também há uma explicação simples: “A liberdade vai sempre estar subjacente na minha escrita porque a criação artística depende disso, de exprimirmos o nosso mundo interior, a emancipação de nós próprios. A liberdade é o sol que orienta todo e qualquer criador. Por isso, faço questão de viajar por esta problemática, porque sem ela não pode haver criação nenhuma”.

Muery, elegia em Si maior será apresentado por Nelson Saúte, um companheiro de longa data de Armando Artur, e que conhece bem a sua escrita, já de há muitos anos, desde os anos da Charrua

 

UMA CONDIÇÃO PARA O LIVRO

O desenho da capa de Muery, elegia em Si maior foi confiado a Gemuce. No entanto, a ligação com a pintura não acaba aí. Longe disso. Para escrever o livro, Armando Artur precisou muito de aprofundar conhecimentos sobre as artes plásticas, só assim tornou-se possível retratar o que lhe consumia por dentro.

 

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