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Morte de empregado doméstico agita família no Inchope

Tem sido comum a busca de oportunidades de emprego na cidade de Maputo, com centenas de jovens a seguirem para a capital à procura de melhores condições de vida.

Manuel Kunguiua foi um destes jovens que, com autorização dos pais, saiu de Inchope no mês passado com destino a Maputo a pedido de uma família que precisava de um empregado doméstico.

Quando chegou a Maputo, já inserido no seu alegado trabalho e, para alegria da sua família, da capital surge uma correspondência a dar conta de que Manuel estava com dores de cabeça.

Curiosamente, a família, no Inchope, recebe, no dia seguinte, orientações para enviar dados pessoais de Manuel Kunguiua a Maputo alegadamente para tratar de alguns documentos.

Eis que, no último domingo, surge o espanto, a família de Manuel é colhida de surpresa com uma viatura transportando uma urna contendo os seus restos mortais.

Os únicos acompanhantes da urna foram o cobrador e o motorista que dizem terem sido orientados em Maputo para deixar o corpo de Manuel que apresentava sinais de corte, o que presume tratar-se de extração de órgãos.

Armando Elísio, pai da vítima, visivelmente chocado, referiu que, ao menos, um dos patrões ou alguém ligado à família onde trabalhava devia acompanhar a urna.

“Cortado da barriga até ao pescoço e dizerem-nos que foi autópsia, isso não cabe nas nossas cabeças”, disse Argentino António, tio da vítima.

Entretanto, “O País” soube que a família contactou os supostos patrões de Manuel, que aconselham que se evite informar as autoridades sob troca de 60 mil meticais.

“A que são referentes os 60 mil meticais? Pessoa não custa 60 mil meticais. O carro, que trouxe a urna, não volta a Maputo”, sentenciou Eunícia Jaime, tia da vítima.

Até o momento em que a nossa equipa de reportagem saiu da casa da vítima, a confusão estava instalada e a família clamava por justiça, exigindo não só o esclarecimento do caso, mas também a responsabilização.

Enquanto continua o braço de ferro entre a família da vítima e os seus patrões, o corpo de Manuel foi depositado na morgue do hospital distrital de Gondola.

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