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Morreu o jornalista e locutor João de Sousa (1947-2020)

Na manhã de hoje, calou-se, de forma súbita, João Baptista de Sousa. O jornalista moçambicano teve um percurso profissional de cerca de 50 anos e notabilizou-se ao cobrir grandes eventos desportivos nacionais e internacionais.

Nascido a 16 de Junho de 1947, na então Lourenço Marques, Maputo, João Baptista de Sousa morreu aos 73 anos de idade.

Com um percurso profissional de cerca de 50 anos, de Sousa teve parte considerável do tempo no jornalismo desportivo onde as narrações e sua voz foram marcantes para milhares de ouvintes. Aliás, de Sousa era considerado “the voice”, o que traduzido para a língua portuguesa significa “a voz”.

De concreto, João de Sousa iniciou a actividade radiofónica nas produções de uma agência de publicidade que concebia vários programas que eram transmitidos na então Rádio Clube de Moçambique, em 1964.

Dois anos depois, o homem passou a dedicar-se nos relatos desportivos de várias modalidades como o basquetebol, futebol e hóquei em patins, isto em 1966.

Em 1974, de Sousa ingressa na Rádio Clube de Moçambique como locutora. Entretanto, com a nacionalização passou, em 1975, para os serviços de redacção como repórter. Nessa qualidade realizou transmissões em directo de vários acontecimentos nacionais. É nesse mesmo período que é integrado no grupo de profissionais designados para acompanhar o presidente Samora Machel, nas suas viagens de Estado.

Em 1977, o jornalista foi responsável pela secção de desportos na rádio pública, tendo prosseguido com a cobertura dos principais eventos nacionais, regionais e internacionais, com destaque para as transmissões directas da liga dos campeões africanos, campeonatos africanos de Basquetebol em masculinos e femininos, nos jogos africanos de Argel, no campeonato do mundo de Hóquei em patins da Argentina – em 1978, e nos jogos olímpicos de Moscovo de 1980.

Adiante, João de Sousa ocupou cargos de destaque na administração da rádio pública até à data da sua reforma.

Contudo, sua trajectória não se resume apenas na rádio. Foi também colaborador no serviço público de televisão, onde comentava eventos desportivos diversos.

Seu percurso como jornalista resume-se nos marcos com a cobertura radiofónica dos principais eventos nacionais, regionais e internacionais, com destaque para as transmissões feitas com a participação de Moçambique na Liga dos Campeões Africanos, nos campeonatos africanos de Basquetebol em masculinos e femininos, nos Jogos africanos de Argel, no Campeonato do Mundo de Hóquei em Patins da Argentina de 1978, ou dos Jogos Olímpicos de Moscovo de 1980.

Apesar dos êxitos ao nível da sua profissão, João de Sousa considerava-se um eterno aprendiz. Uma afirmação que expressara numa entrevista do programa “Falar de Mim” da STV.

“Eu, pessoalmente, acho que nós aprendemos todos os dias. E, portanto, é um pouco complicado dizer que já sei tudo”, disse ao programa da STV, onde apresentava sua biografia.

De Sousa não se sentia um homem absolutamente realizado na vida, mas se sentia um homem que contribuía com o que podia. E, sobretudo, no seu dia-a-dia de trabalho. Amigos descrevem de Sousa como “homem de rigor”

Amigos e colegas de João de Sousa dizem que o país perdeu um homem que se notabilizou na comunicação, sendo “o rigor” sua principal característica.
“Este outubro é negro para o desporto moçambicano”, classificou Lourenço Jr., para quem a dor será incessante com a perda do “ícone” e mais Sélio Craveirinha e Augusto Matine, na necrologia do mês.

Já para Alexandre Zandamela, mais que um jornalista foi-se um professor. “Quando comecei a fazer o jornalismo tornei-me amigo de João de Sousa e partilhei vários momentos agradáveis com ele dentro e fora de Moçambique. Portanto, tive ensinamentos bastante grandes e que foram úteis para a minha profissão”, disse.

Para Anabela Adrianópolis, outra jornalista que aprendeu do “decano”, João de Sousa tem um legado “imortal”.

“Antes de ser meu amigo foi um mestre. Foi sempre um mestre na rádio e na televisão. Foi um dos homens que mais me acarinhou”, considerou ao “O País”.

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