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Moçambola sonhado vai homenagear mártires

O desejado figurino de todos contra todos, entre 16 equipas, acabou sendo aprovado “em cima do joelho”, como consequência do adiamento do figurino anterior, já sorteado e com data de arranque. Terá sido a eclosão do ciclone Idai, quem amoleceu os corações dos investidores, daí brotando um Moçambola que promete muita disputa. O país necessitava de uma injecção de alegria, crer e união. O Presidente Nyusi deu o mote. As sensibilidades fizeram o resto.

E o que se espera da competição que vai catalisar as atenções nos próximos meses? Vamos por partes: as equipas tradicionalmente mais fortes, apesar de reforçadas, ao olharem em volta vêm razões para muito pouco sossego. Porquê? É que os “tigres” vão apresentar-se com reforços, tanto internos como internacionais.
Mais complicado e sem paralelismo, será a luta na cauda da classificação, pois não haverá sossego, uma vez que chegar ao final da prova no 12.o posto, implica descida automática de divisão. Desta forma, em mais de três quartas partes, a tabela do mocambola não poderá ser dividida, como habitualmente, em três partes: os candidatos, os “tranquilos” quanto à manutenção e os que lutam pela descida. A tranquilidade no meio da tabela só poderá acontecer nas últimas rondas.

TÊXTIL, BAÍA E DESPORTIVO:
“INJECÇÃO” DE POPULARIDADE

Em todo o país, apenas as províncias da Zambézia e do Niassa não terão representantes nesta temporada. Mas há boas novidades, a partir de cada zona uma das três zonas do país.
No sul, que clube se pode gabar de ter tantos e tão fiéis adeptos, como o Desportivo de Maputo? Os “alvi-negros”, renovados em jogadores, técnico e ambições, seguramente que serão uma presença que reactivará a rivalizade com os tradicionais Maxaquene e Ferroviário, mas tendo sempre em conta a Liga Desportiva.
Mas onde a batalha das claques vai atingir o rubro, será no centro, sob a responsabilidade do Têxtil do Púnguè. Os fiéis adeptos, nestes anos fora da alta roda, sempre mandaram o recado: “aguardem-nos”!
Reforçados e “dolorizados” por irem representar a zona que detém das maiores riquezas nacionais – e uma das maiores baías do mundo – o Baía de Pemba, promete bater o pé a qualquer um, sobretudo em casa. Relva sintética, reforços nacionais e estrangeiros e uma falange de apoio que há muito sonhava com esta oportunidade.
Quanto a técnicos, é de saudar o regresso de Artur Semedo à alta roda do Moçambola, a entrada de um novo técnico (adjunto?) para a Liga (aguarda-se a decisão sobre Diamantino) e a continuação promissora de Horácio Gonçalves, que levou o Costa do Sol a vencedor da Taça.

TRADIÇÃO? VALE O QUE VALE!

Na grelha de partida, estarão todos no mesmo ponto. Mas como em edições anteriores, há sempre candidatos com maiores e outros com menores hipóteses.
O campeão Songo, é justo que lidere esta lista. A seu favor joga a sua robustez financeira, que lhe permite ter primazia na escolha dos jogadores, que depois dispõem de concentração em excelentes condições. Para esta temporada não registou grandes alterações na sua forte estrutura, tanto dentro como fora do campo. Em desfavor, poderá jogar a sobrecarga de jogos, devido à representação do país na maior competição africana de clubes.
A seguir? Ferroviário de Maputo, vice na época passada, Liga Desportiva, terceira colocada e Costa do Sol, qualquer destas turmas com aquisições na pré-época cuidadas e ambições renovadas, perfilam-se para não deixarem os seus créditos em mãos alheias.
A este grupo – pela mística e tradição – teremos Maxaquene, Chibuto, Textáfrica e Ferroviário da Beira.
Mas, como acima referimos, também Ferroviário de Nampula, ENH, Incomáti, Ferroviário e Desportivo de Nacala, não serão apenas animadores da festa.

GOLOS: PRECISAM-SE!

Não é desejável que os sistemas defensivos tenham que ser descuradas e os meio-campos instruídos a reduzir o rigor nas marcações. Nada disso. O que tem acontecido nas edições passadas – e as Tvs têm documentado – são a obtenção de lindos golos, ao nível do que de melhor acontece por África e pelo mundo. Mas poucos. A festa do futebol, que tanto esforço exige ao país, “exige” mais tentos.
Muito importante e oportuna, foi a decisão da Liga Moçambicana de Futebol, ao colocar a fasquia no mínimo de 20 tentos para atribuição do prémio-mór.
Um grande papel pertence aos técnicos na adopção de sistemas atacantes, mas os dianteiros terão que ser mais criativos, buscando caminhos para fazer balançar com mais frequência as redes adversárias. Isso dará pontos à sua equipa, festa aos adeptos e “sal-e-pimenta” ao espectáculo!

ARBITRAGEM: CHEGA
DE SER PARENTE POBRE

Prevêem-se prémios para os jogadores, sem dúvida os principais fazedores do espectáculo, mas não se pode subestimar o papel do árbitro. Ele é um juiz cujas “sentenças” em campo não permitem recurso ao Ministério do Trabalho ou outra entidade.
Condições para as deslocações, estadias condignas e prémios em dia, vão permitir tranquilidade para bem ajuizar os lances e reduzir as margens de erro. Além da sempre necessária protecção e acompanhamento.
No outro lado desta questão, importa não subestimar o controlo aos subornos e outras acções, que possam pôr em causa, deliberadamente, o esforço de fazer deslocar por todo o país, a nata do futebol nacional.

Campeão e Têxtil
na ronda inaugural

A UDS, campeã em título e o Têxtil de Púnguè, assinalam na Beira, o arranque oficial do Moçambola-2019. Porquê no Chiveve? Pelo simbolismo de levar alegria a centenas de compatriotas na terra em que o ciclone Idai deixou tristeza e luto. Não haverá festa no pontapé-de-saída, apenas a homenagem aos mártires.
Além desta partida, haverá sábado um Baía de Pemba-Costa do Sol, mas em Nampula, uma vez que o recinto dos anfitriões ainda carece de conclusão da sua relva sintética.

AS OUTRAS PARTIDAS

Campo da Liga Desportiva de Maputo
– Liga Desportiva de Maputo-Ferroviário de Maputo
Campo do Incomáti
– Clube Incomáti-Ferroviário da Beira
Campo do Afrin
– Maxaquene-ENH Vilankulo
Campo Municipal de Pemba
– Baía de Pemba-Costa do Sol
Estádio 25 de Junho
– Ferroviário de Nampula-Desportivo de Nacala
Campo da Soalpo
– Textáfrica de Chimoio-Clube do Chibuto

Licenciamento: a falar
é que nos entendemos!

Apenas os Ferroviários da Beira e de Maputo, mais a Liga Desportiva, salvo algum milagre de última hora, estarão licenciados no arranque da grande prova.
Porém, a FMF tem continuado com o braço-de-ferro, pois com a exigência da CAF, a pressão deve continuar. Mas a prova também.
Como ultrapassar este problema? Com realismo e diálogo, até porque é a falar e pressionar, que as pessoas se entendem. Se mais não seja porque os momentos que vivemos são de tolerância. As exigências do caderno são muitas, talvez mais indicadas e limitativas para os que tiverem que representar o país nas competições internacionais.

 

Em todo o país, apenas as províncias da Zambézia e do Niassa não terão representantes nesta temporada. Mas há boas novidades, a partir de cada zona uma das três zonas do país.

 

Apenas os Ferroviários da Beira e de Maputo, mais a Liga Desportiva, salvo algum milagre de última hora, estarão licenciados no arranque da grande prova.

Condições para as deslocações, estadias condignas e prémios em dia, vão permitir tranquilidade para bem ajuizar os lances e reduzir as margens de erro. Além da sempre necessária protecção e acompanhamento.

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