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Moçambique vs Nigéria: entre o céu e a terra…

Fotos: FIBA

A selecção nacional de basquetebol sénior feminino defronta, sábado, às 21h00, a Nigéria em jogo da primeira jornada do grupo “B” do Campeonato Africano da modalidade, prova que arranca esta sexta-feira nos Camarões.

Sem grandes ambições, com os pés bem assentes na terra face à deficiente preparação e falta de estágio pré-competitivo fora, Moçambique marca sábado a estreia no “Afrobasket” 2021 diante da campeã em título, Nigéria.

É um jogo no qual o seleccionador nacional, Nasir “Nelito” Salé, vai procurar, dentro de todas as limitações e condicionantes, ter uma prestação digna. A fasquia, tal como sublinhou na partida a Yaoundé, não pode ser elevada. Nem tão pouco. Jogo a jogo, há que dar o melhor sem entrar em grandes euforias. E quis o destino que o primeiro jogo fosse diante de um adversário extremamente forte, que recentemente disputou os Jogos Olímpicos de Tóquio 2020. Mais: entra para esta competição com seis das dozes atletas que estiveram nas olimpíadas de verão e conduziram a equipa ao segundo título africano, em 2019, em Dakar, Senegal.

Seja como for, Moçambique vai contar, nesta prova, com um leque de jogadoras experientes que fizeram parte da estrutura que, em 2013, ocupou o segundo lugar no “Afrobasket” de Maputo. São os casos de Deolinda Gimo, Anabela Adriano Cossa, Odélia Mafanela e Cecília Henriques. Estas atletas conferem muita experiência, até porque já conquistaram a Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol, no Desportivo Maputo, extinta Liga Desportiva e Ferroviário de Maputo.

Há ainda a destacar quatro “rookies” no “Afrobasket” feminino: Sílvia Amadeu Veloso, Stefânia Chiziane, Vilma Covane e Carla Pinto. Curiosamente, as primeiras três atletas passaram todas pelo basquetebol colegial nos EUA.

Sílvia Veloso e Vilma Covane representaram o Seward County Community College, sendo que, depois, passaram pelo Patriots University off the Cumberland.

Já Stefânia “Papelão” Chiziane teve uma curta passagem pelo Highland Community College, antes mesmo de voltar a ser reintegrada no Ferroviário de Maputo.

Carla Pinto tem estado em evidência na A Politécnica, conjunto para o qual se transferiu depois de representar o Ferroviário de Maputo.

Aliás, Carla Pinto fez parte da equipa sénior feminina de basquetebol do Ferroviário de Maputo que, em 2015, em Luanda, Angola, ocupou a terceira posição na fase final da Taça dos Clubes Campeões Africanos de basquetebol.

No “Afrobasket” 2021, Nelito contará com as seguintes atletas: Dulce Mabjaia, Anabela Cossa, Sílvia Veloso, Carla Pinto, Elizabeth Pereira, Stefânia Chiziane, Ingvild Mucauro, Deolinda Gimo, Odélia Mafanela, Cecília Henriques, Vilma Covane e Tamara Seda.

Das doze que disputaram o “Afrobasket” 2021, apenas seis é que estarão em cena em Yaoundé, nos Camarões: Tamara Seda, Anabela Cossa, Ingvild Mucauro, Odélia Mafanela, Elizabeth Pereira e Deolinda Gimo. Saem do grupo Delma Zita, base actualmente a evoluir no Seward County Community College, Denise Ernesto, Nilza Chiziane, Leia Dongue, Amélia Massingue (a recuperar-se de uma lesão) e Eleutéria “Formiga” Lhavanguane.

 

SEM LEIA DONGUE NÃO É MESMA COISA

Moçambique parte para esta prova desfalcado de uma das suas melhores atletas: Leia Dongue. A poste não irá disputar a prova, porque se encontra em fase de integração no seu novo clube, neste caso RPK Araski da Espanha, depois de, na última época, ter evoluído no Nante Rezé Basket da França.

É uma grande baixa, até porque Leia Dongue esteve no cinco ideal do “Afrobasket” 2019, tendo apresentado uma média de 15,8 pontos e 7,2 ressaltos por jogo. Para além da moçambicana, constam ainda do cinco ideal a nigeriana Ezinne Kalu, ela que liderou a Nigéria com média de 13 pontos, 3.2 assistências, 3 roubos de bola e 2.6 ressaltos por jogo, o que lhe conferiu uma eficiência de 12 % por jogo e foi indicada como jogadora mais valiosa do evento (MVP).

Influente no Senegal, vice-campeão, Astou Traore, MVP da edição 2017, no Mali, consta também do cinco ideal com uma média de 15.2 pontos, 8.2 ressaltos e 1.6 assistências. Dongue esteve igualmente no cinco ideal do Afrobasket 2017, em Bamako, Mali, e 2013, em Maputo.

Mais: em 2020, a FIBA-África colocou a valorosa poste moçambicana entre as doze melhores atletas da última década.

Os critérios para a nomeação, refere a FIBA-África, foram baseados nas contribuições das “estrelas” nas respectivas selecções nacionais na última década, bem como nas participações em competições globais e continentais da FIBA durante este período.

Para além de Leia “Tanucha” Dongue, a FIBA enaltece a angolana Nacissela Maurício, Astou Traore (Senegal), Ezinne Kalu (Nigéria), Meiya Tirera (Mali), Ramses Lonlack (Camarões), Mame Marie Sy (Senegal), Soraia Deghady (Egipto), Italee Lucas (americana naturalizada angolana), Naignouma Coulibaly (Mali) e Evelyn Akhator (Nigéria).

Em Fevereiro de 2020, Leia Dongue integrou o cinco ideal do Torneio de Qualificação Pré-Olímpica, em Belgrado, na Sérvia. Constaram deste leque de atletas Ana Dabovic (da Sérvia), Ezinne Kalu (Nigéria) e A’ja Wilson e Nneka Ogwumike (EUA), sendo que a última foi considerada a MVP da prova.

Dongue esteve no cinco ideal da primeira fase do Campeonato do Mundo de basquetebol de 2014, na Turquia.

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