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Moçambique sai da Cimeira da UA com garantias de mais apoio para combater terrorismo

A União Africana (UA) vai mandar mais apoio logístico para Moçambique, com vista a ajudar o país a combater o terrorismo. A garantia foi dada na trigésima quinta Assembleia-Geral do organismo regional, que decorreu de 04 a 06 de Fevereiro corrente.

Depois de algumas sessões realizadas de forma virtual devido à pandemia da COVID-19, a Cimeira deste ano marcou o retorno dos encontros presenciais para debater a vida de África, um continente que regista aumento galopante de desafios associados a vários sectores.

Todos esses desafios foram acolhidos no lema da sessão: “Construir Resiliência na Nutrição e Segurança Alimentar no Continente Africano, Reforçar a Agricultura, Acelerar o Capital Humano, o Desenvolvimento Social e Económico”.

Entretanto, a deficiente situação de segurança roubou a cena. O terrorismo continua presente num continente que, em apenas um ano, registou oito golpes de Estado em diferentes pontos, com destaque para a região ocidental.

Como era de se prever, paz e segurança foram os assuntos abordados pelo Presidente da República na 35ª Cimeira da União Africana. Filipe Nyusi descreveu o contexto e mostrou, com números, o drama já causado pelo terrorismo.

“Desde 2017, os terroristas, integrando homens estrangeiros e nacionais, matam, sequestram e esquartejam as populações. Queimam casas, destroem infra-estruturas e equipamentos, saqueiam produtos e bens. Neste momento, já provocaram mais de 850 mil deslocados e 2.500 mortos”, afirmou.

O Chefe do Estado moçambicano diz que os números seriam piores, não fosse a pronta intervenção das forças do Ruanda e da SADC, que evitou o alastramento do mal para outras zonas do país e demais Estados da África Austral.

“É por isso que reconhecemos publicamente que o pronto apoio do Ruanda e dos países da SADC evitou, de forma eficaz, o alastramento do terrorismo para outras zonas do país e outros Estados da região sul do continente”, avançou.

A intervenção estrangeira tem ajudado, mas, nos últimos tempos, há uma aparente fragilização das tropas. Zonas como Macomia e Nangade, que foram declaradas “libertadas” e que contam com a presença militar, voltam a ser alvo de ataques.

Por exemplo, enquanto decorria a Cimeira em Addis Abeba, a população de uma aldeia de Macomia, no Norte de Moçambique, encontrou, no domingo (06.02), os restos mortais de três pessoas, disseram residentes à agência de notícias Lusa.

Ciente do problema, a União Africana prometeu enviar mais apoio em equipamentos para responder à insurgência. Entretanto, a instituição não revelou de forma específica o tipo nem prazos para a chegada da ajuda.

Filipe Nyusi falou mais. Depois de abordar os problemas de Moçambique, o Presidente da República analisou aquele que, a par do terrorismo, se afigura como um grande problema do continente – golpes de Estado.

“A situação é prevalecente em algumas regiões do continente e, por isso, exige a nossa atenção. O ressurgimento de formas inconstitucionais de ascender ao poder violam os valores e princípios universais de Estado de Direito Democrático. Independentemente das motivações objectivas deste acto, é um revés à conquista da nossa independência”, explicou o Chefe de Estado.

Na 35ª reunião dos Chefes de Estado, a União Africana foi desafiada a ser mais actuante na resposta aos problemas do continente, numa altura em que a crítica internacional fala de um órgão continental inerte.

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