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Moçambique e o desafio das quatro guerras

O nosso país pode estar a passar uma das piores fases da sua história enquanto Nação. Desde que nasci, depois formei família, mais tarde geramos rebentos que hoje estão na fase de discernimento do bem e do mal, sempre ouvi falar de guerra. E, infelizmente, tudo leva a crer que as futuras gerações estarão sujeitas, tal como eu, a ouvir e viver a dura realidade do soar das armas.  

Mas afinal, que mal cometemos? Será que muita coisa falhou na construção do país depois da independência? Tal vez sim, talvez não.

Depois de uma análise profunda, eis que me ocorre a seguinte pergunta para reflexão: Será que Moçambique vive hoje a quarta guerra?

A resposta sobre esta temática deixo ao critério. Mas quanto a mim procuro trazer a minha resposta olhando para quatro cenários a saber:

CENÁRIO 1:

Pobreza.
Esta foi desde cedo a principal guerra que os moçambicanos até aos dias de hoje travam a meio de muitas adversidades. O nosso país vive um dilema em que os pobres estão cada vez mais pobres e os ricos cada vez mais ricos. Infelizmente, o facto ocorre num país com tudo “para dar certo”, se os recursos naturais fossem devidamente partilhados.

 

CENÁRIO 2:

Insurgentes no norte do país.
Considero como a segunda guerra que os moçambicanos travam na actualidade, concretamente na província de Cabo Delgado.

Os insurgentes efectuam suas incursões, decapitando compatriotas inocentes. Dói o coração ouvir diariamente por vias de vários meios de comunicação, por um lado, e por outro, ver por vias das redes sócias, relatos e cenários macabros de tremenda guerra protagonizada pelos referidos insurgentes, colocando à prova a capacidade do nosso Estado.

O povo moçambicano merece outra sorte. Merece a paz, o bem-estar e, por isso mesmo, busca todos os dias explicações sobre aquele fenómeno mas, sem resposta, por parte de quem devia dar. Refiro-me àquele que deve garantir a nossa segurança enquanto povo.
Sim, aqueles a quem depositamos confiança para nos governarem.

A população  de alguns distritos  da província  Cabo Delgado como Palma, Mocímboa da Praia, Muidumbe, entre outros, vivem momentos de terror. Situação de clara guerra.

As nossas tropas governamentais, infelizmente, não conseguem buscar respostas para satisfazer o povo.

 

CENÁRIO 3:
Junta militar da Renamo.

Estamos diante da terceira guerra que se vive na região centro de Moçambique, onde nos últimos tempos, e com  alguma frequência, acompanhamos relatos na imprensa, de ataques armados. Ataques esses que a polícia conhece os rostos, tanto é que já veio várias vezes a público atribuir “aos homens armados da Renamo”, liderados por Mariano Nhongo.

Uma acção que prejudica o povo que com muito suor, sacrifício e paciência luta para assegurar o seu sustento.

Recentemente, de entre vários ataques, acompanhamos cenários de assalto a um estaleiro de madeira na região de Dombe, província de Manica, onde para além de incendiarem camiões e destruir bens, tiraram a vida de um cidadão estrangeiro de nacionalidade vietnamita.

Na verdade, tirar a vida de um ser humano, pode ser o comportamento mais baixo que um ser racional pode fazer contra o seu semelhante.

Pelo menos no centro, já se conhece o rosto dos ataques. Mas afinal porque é que não se soluciona o problema para dar algum alento à população moçambicana que precisa “correr” para trazer o desenvolvimento das suas vidas.

 

CENÁRIO 4:

Covid-19.
Uma pandemia que se confunde com uma verdadeira guerra. Um inimigo global que, em tão pouco tempo, ficou bastante conhecida. O novo coronavírus é uma pandemia que está a dizimar vidas humanas no mundo.

No nosso país há mais de três dezenas de casos já confirmados. Um vírus que aterroriza as nossas mentes. Aliás, está claro que o novo coronavírus poderá constituir problema de saúde pública de uma geração.

A avaliar pela letalidade do vírus, a questão é: Como lidar com a vigilância epidemiológica num país onde falta quase tudo para fazer face a doença?

O historiador Walter Scheidel defende que “as crises muito sérias podem afectar preferências e escolhas politicas, sobretudo, quando os eventos são severos, podem alterar preferências do eleitorado de forma que se mova para uma defesa de um estado de bem-estar social mais forte”.

Nesta perspectiva o nosso Estado tem, na actualidade o desafio das “quatro guerras” por vencer, no sentido de salvaguardar a sua legitimidade e confiança perante o povo que o escolheu.  

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