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Mbate Pedro e António Cabrita entre os finalistas do Sant’Anna

Já são conhecidos os oito livros finalistas da 7ª edição do Prémio Literário Glória de Sant’Anna. Entre os escolhidos, consta Os crimes montanhosos, da autoria de António Cabrita e Mbate Pedro, publicado sob a chancela da Cavalo do Mar, ano passado. A obra de poesia, constituída essencialmente por duas partes: “o branco colarinho dos corvos” e “a gravata preta do corvo albino” é a quarta daquela editora moçambicana a alcançar a derradeira fase do prémio, depois de Fogo Preso, de Andes Chivangue, em 2017; O deus restante, de Luís Carlos Patraquim, e Cicatriz encarnada, de Rogério Manjate, ambos ano passado.

Além d’Os crimes montanhosos, concorrem ao prémio, nesta edição, mais sete livros: Aquilo que não tem nome, de Victor Oliveira Mateus; As flores se recusam, de Isabela Sancho; A transfiguração da fome, de Sara F. Costa; en_vuelta, de Sofia Ferrés; Lugar de espanto, de Ana Horta; Maligno, de Eduardo Quina; e Nómada, de João Luís Barreto Guimarães.

O grande vencedor do Glória de Sant’Anna será anunciado no dia 8 do próximo mês, em Portugal, obviamente, a seguir a concertação do júri, constituído por cinco membros, entre eles, Nataniel Ngomane, professor universitário e Presidente do Fundo Bibliográfico de Língua Portuguesa. Os outros quatro são: Jacinto Guimarães (Jornal de Válega), Andrea Paes (Ourives), José Luís Porfírio (crítico literário, como os outros dois, de PortugaL) e Teresa Moure (escritora da Galiza).    

Experiente nas questões atinentes a nomeações e premiações literárias, até porque já atingiu a fase final do Glória de Sant’Anna, com o livro Debaixo do silêncio que arde, em 2015, Mbate Pedro não deposita grandes expectativas nesta edição. Na óptica do poeta, os prémios valem o que valem, mas servem para dar visibilidade às obras. “Penso que estas nomeações querem dizer que a linha editorial da Cavalo do Mar é certa. E, já agora, o grande prémio que queremos é o de ser lidos, porque Moçambique pouco ou nada fez para formar leitores. Pobre do escritor que anda atrás dos prémios”, afirmou o poeta e editor da Cavalo do Mar.

António Cabrita, que também foi finalista do prémio com Anatomia comparada dos animais selvagens, em 2018, tem uma opinião idêntica a de Mbate Pedro. Para aquele poeta, estar de forma regular na final do Glória de Sant’Anna quer dizer que há alguma qualidade no que se está a produzir no país. “Se o júri escolheu os oito livros para finalistas do prémio, acredita que, do ponto de vista literário são os que melhor vendem o próprio prestígio do Prémio”, considerou Cabrita, desejando que o reconhecimento desperte interesse das editoras de outros países pelo Os crimes montanhosos. Contudo, o poeta não se ilude. Defende que a lista de finalista do Sant’Anna apresenta dois nomes difícil de superar: João Luís Barreto Guimarães e Victor Oliveira Mateus. “Entretanto, seja qual for o desfecho, temos que continuar a trabalhar mais”.

O Prémio Glória de Sant’Anna, aberto aos autores de língua portuguesa, foi lançado em 2013, ano em que Eduardo White venceu a edição inaugural. De lá para cá, nunca mais um livro nacional venceu o prémio.

 

 

 

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