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Marcelo Rebelo de Sousa considera Mia Couto um embaixador da língua portuguesa

O Presidente português elogiou o escritor moçambicano por ser uma figura importante na aproximação dos povos que falam português.

Por que o Presidente da República portuguesa considera Mia Couto um embaixador da língua portuguesa? Para Marcelo Rebelo de Sousa, esta não é uma pergunta de difícil resposta. Longe disso, afinal o poeta e escritor moçambicano há-de ser sempre um embaixador da língua portuguesa enquanto um homem que faz pontes e abre horizontes. “E, nesse sentido, pontes entre Portugal e o mundo que fala português, pontes entre a Europa, as Américas e o Brasil, pontes entre várias gerações, pontes entre culturas e várias formas de ver o mundo”, afirmou o presidente português para a RTP, momentos depois do lançamento do novo livro do Prémio Camões 2013, intitulado O universo num grão de areia.

Na apresentação do livro, esta quarta-feira, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, Marcelo Rebelo de Sousa esteve sentado ao lado de Mia Couto, como convidado de honra, tendo-se referido à obra do escritor.

Como que a retribuir os elogios do presidente português, também falando para RTP, Mia Couto disse que o mundo inteiro olha a situação portuguesa como excepcional. E justificou: “Ter um Presidente como este, que está presente na vida quotidiana, como cidadão (e não como alguém que usa de privilégio algum) e que, por exemplo, se predispõe a estar aqui no lançamento de um livro, é uma coisa muito rara”.

Porque há um universo em causa no novo livro de Mia Couto, igualmente para RTP, o escritor assumiu haver uma tentação muito simplista de se olhar para o mundo como se fosse uma aldeia global. Para o escritor não é verdade que todos vivemos num mesmo mundo e num mesmo tempo. “Há muitos mundos, muitos tempos. Há gente que não tem internet, não tem acesso à água, não tem comida. Essa gente vive neste nosso mundo, mas que constitui um outro mundo, menos visível, mais distante”.  

Em Portugal, Mia Couto cedeu igualmente uma entrevista a SIC Notícias. Ao canal televisivo, o escritor afirmou que O universo num grão de areia é o resultado de muita coisa que foi deitada fora. “Este livro é mais o que não está ali do que o que está ali realmente”.

O universo num grão de areia reúne textos publicados ao longo dos anos na imprensa, textos escritos para conferências, ditos ou lidos em colóquios, atinentes a várias áreas de interesse: política, antropologia e, claramente, literatura.

Recentemente, Mia Couto lançou O terrorista elegante, com um velho amigo, o escritor angolano José Eduardo Agualusa. “Eu leio os textos dele [Agualusa] e ele lê os meus. Somos uma espécie de editor um do outro”, afirmou o poeta, escritor e biólogo a SIC Notícias.

 

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