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Malawianos ditam preços de compra de produtos agrícolas em Milange

Os produtores de milho no distrito de Milange, província da Zambézia, por sinal região fronteiriça do vizinho Malawi, estão agastados com a situação da comercialização daquela cultura. O facto prende-se porque compradores Malawianos que escalam aquele território nacional, ditam ao seu belo prazer o preço do milho que no entanto não compensa os esforços empreendidos pelos camponeses.

Os Malawianos estão a comprar o quilo de milho com a sua moeda ao preço de 50 kwatchas o equivalente ao câmbio do dia no valor de um metical e cinquenta centavos. Esta situação fragiliza os produtores colocando-os sem vontade de continuar a produzir aquela cultura por falta de mercado justo.

Diariamente é possível notar camiões cavalo a saírem carregados de milho de Milange em direcção ao Malawi local onde é processado e de seguida os seus derivados são vendidos no território moçambicano do lado de Milange. Ou seja, os malawianos vão enriquecendo com a matéria-prima moçambicana e os produtores nacionais vão ficando cada vez mais pobres e sem retorno para compensar os gastos efectuados durante a produção.

Foi justamente a pensar nesta dura realidade, que o sector da Indústria e Comércio sentou a mesma mesa com mais de 50 produtores de milho daquela região para encontrar estratégias de inverter a situação. Na ocasião vários produtores reclamaram a situação vivida no terreno por aqueles compradores, daí que pediram um interlocutor valido para inverter a situação no terreno nomeadamente o Instituto de Cereais de Moçambique.

Manifa Soares chefe da localidade de Vulalo localizada a cerca de 30 quilómetros da vila lamentou a situação e explicou que para além do milho, feijão bóer também esta na mesma situação.  

Os produtores querem que no mínimo o quilo de milho seja comprado no valor de dez meticais para compensar os gastos aplicados na produção.
 
"O preço em referência é ditado pelos compradores Malawianos que estão a evadir regiões produtivas para comprar o milho ao preço de 50 kwatcha. Os produtores fazem investimento de vulto em vastos hectares de Milho para garantir produção com destaque para o milho, feijão bóer, gergelim e soja mas no entanto dado a situação em referência, aquele grupo torna-se cada vez mais pobre" disse Manifa Soares.

"Nós queremos comprar capulanas, roupa para os nossos filhos. Queremos comprar medicamentos em caso de doença das nossas crianças mas como vamos fazer se o preço que nos é imposto nãos nos ajuda, estamos a lançar o grito de socorro para o sector da indústria e comércio com destaque para o Instituto de Cereais de Moçambique como forma de nos ajudar a ultrapassar a triste realidade que vivemos para que no fim do dia o nosso sacrifício seja compensado" disse um produtor da localidade de Majaua.

Para eles um interlocutor para controlar a compra do milho em meticais seria fundamental para que o preço que está a ser aplicado pelos compradores Malawianos sejam justos bem como também para fazer com que o metical que é a moeda nacional ganha cada vez mais espaço de circulação nas zonas fronteiriças com aquele país vizinho.

"Como pode os Malawianos virem ao nosso país e aplicarem o preço ao seu belo prazer enquanto temos o nosso governo que pode coordenar a situação para apoiar os produtores. Do contrário e tal como está a acontecer os produtores estão a ficar sem motivação para continuar a produzir o milho" disse Horácio Figueiredo assessor das associações camponesas para depois acrescentar que no ano passado por exemplo o quilo de feijão bóer por falta de um interlocutor valido passou dos doze meticais para cinco.

Momad Juízo director provincial da Indústria e Comércio diz que o governo não interfere nos preços dos produtores e compradores mas através de esforços conjugados pode-se encontrar plataforma para acabar com a situação.

O sector da Indústria e Comércio da Zambézia vai voltar a sentar com os produtores para persuadir estes a estarem organizados e negarem a imposição dos preços aplicados pelos compradores estrangeiros.

 

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