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Mais da metade dos consumidores de drogas são seropositivos

A maioria das pessoas que injectam drogas, na cidade de Maputo, estão infectadas pelo vírus do HIV/SIDA. A conclusão é de um inquérito integrado biológico e comportamental divulgado quinta-feira, em Maputo.

A investigadora principal do inquérito, Cyntia Baltazar, disse que o estudo foi realizado nas províncias de Maputo e Nampula. Baltazar explicou que, na cidade de Maputo, foram entrevistadas um total de 353 pessoas. Estima-se que 1.684 pessoas na capital do país injectam drogas.

Enquanto isso, noticia a AIM, em Nampula, concretamente em Nacala-Porto, foram entrevistadas 159, de um universo de 520 pessoas que se estima que injectam drogas.

Em Nacala-Porto, a prevalência apurada ronda os 20 por cento, o que significa que duas em cada 10 pessoas, que injectam drogas, estão infectadas com o HIV.

“Estes resultados chamam-nos atenção, revelando-nos que temos que reforçar as medidas neste grupo porque se trata de um grupo de pessoas estigmatizadas e que nós não temos acesso a elas porque estão sempre escondidas. No entanto, elas têm um peso grande na epidemia do HIV”, frisou.

A investigadora explicou que se pretendia, com o inquérito estimar a prevalência do HIV, Hepatite B (HBV) e Hepatite C (HCV), assim como avaliar os comportamentos de risco associados entre pessoas que injectam drogas em Maputo e Nampula.

“Vimos também o fraco uso de preservativos nas relações sexuais. Portanto, todos estes resultados apontam que temos que ter intervenções muito focadas e especializadas neste grupo”, acrescentou.

Cyntia frisou que este é o primeiro inquérito que o país realiza em pessoas que injectam drogas.

Entretanto, ela sublinhou que já foram realizados outros quatro inquéritos sobre estudo biológico e comportamental com mulheres trabalhadoras de sexo, homossexuais, camionistas de longo curso e trabalhadores moçambicanos nas minas da África do Sul.

 “É a primeira evidência científica que nós trazemos sobre o peso dessas pessoas e, claramente, este inquérito de pessoas que injectam drogas são grande chave das intervenções devido à sua alta prevalência do HIV', disse.

 “A nossa esperança agora é que o MISAU (Ministério da Saúde), o Conselho Nacional do Combate ao SIDA e as diferentes instituições que trabalham com as pessoas que injectam drogas reforcem as suas estratégias de forma a prevenir, bem como garantir outras actividades especiais para este grupo”, acrescentou.

Em ambas as províncias, o grupo de pessoas que injectam drogas é constituído, em grande parte, por homens com as idades compreendidas entre os 18 e os 24 anos.

 

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