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Lurdes Mutola na luta pela presidência da FMA

Lurdes Mutola confirma a sua candidatura à presidência da Federação Moçambicana de Atletismo. A confirmação da corrida à presidência, cuja eleição está marcada para o dia 18 de Setembro próximo, foi feita junto ao Secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes.

Avassaladora enquanto atleta nas pistas de atletismo, Lurdes Mutola agora pretende mostrar-se ao mundo como dirigente, concorrendo à presidência da Federação Moçambicana de Atletismo. Depois de Clarisse Machanguana ter concorrido à presidência da Federação Moçambicana de Basquetebol e perdido para Roque Sebastião, agora é a vez da “menina de ouro”, Lurdes Mutola.

A confirmação da candidatura foi feita junto ao Secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, num encontro que ambos mantiveram na segunda-feira, na Secretaria de Estado do Desporto.

Mutola esclareceu que “sei que não vota, mas estou aqui na Secretaria de Estado para dizer que quero concorrer. Sou, sim, candidata e quero ajudar o nosso atletismo”, referiu a antiga corredora dos 800 metros, citada pelo jornal Notícias.

Com a confirmação de Lurdes Mutola, sobe para dois o número de candidatos que manifestaram o interesse em ocupar o lugar, actualmente nas mãos de Francisco Manheche. O antigo Secretário-geral da instituição, Kamal Badrú, foi o primeiro a manifestar a intenção e já está em campanha, tendo visitado algumas associações provinciais apresentando o seu projecto.

Para a realização das eleições, faltam apenas três meses, período durante o qual a “menina de ouro” quer capitalizar para difundir o seu manifesto eleitoral junto às associações provinciais.

“Será um período para trabalhar na constituição do elenco directivo, organização clara do manifesto e do contacto com as associações provinciais para mostrar as nossas intenções de modo a que juntos possamos mudar alguma coisa no atletismo do nosso país”, disse Mutola, citada pelo Notícias.

Carinhosamente chamada “menina de ouro”, Lurdes Mutola, era uma das maiores figuras dos 800 metros no atletismo, tendo feito história nos Jogos Olímpicos de Atlanta, em 1996.

Pela primeira vez, em cinco participações, a bandeira de Moçambique foi hasteada. Depois do terceiro lugar nos Estados Unidos da América, Mutola melhorou ainda mais e fez soar o hino nacional em Sydney-2000.

O currículo de Maria de Lurdes Mutola, que nasceu na então cidade de Lourenço Marques, actual Maputo, a 27 de Outubro de 1972, é impressionante. Especialista dos 800 metros, tem três títulos mundiais ao ar livre e sete em pista coberta num total de 14 medalhas distribuídas pelos dois eventos.

Mas, foi nos Jogos Olímpicos, em Atlanta, em que Mutola se tornou uma verdadeira lenda do atletismo e do desporto moçambicano. Quando chegou à Geórgia, já era uma figura da distância. Vencera o título mundial em Estugarda-1993, ao ar livre, e em Toronto-1993 e Barcelona-1995, em pista coberta.

A viver nos Estados Unidos desde 1988, onde começou a treinar com cada vez mais afinco, aproveitou essa inspiração para brilhar nos Jogos Olímpicos de 1996. Para Mutola, era a terceira participação, enquanto em Barcelona-1992 tinha sido quinta nos 800 metros e nona nos 1500.

Atlanta foi a edição da especialização. Concentrou-se nos 800 metros e conquistou a tão desejada medalha. Não conseguiu bater a campeã russa, Svetlana Masterkova, nem a cubana Ana Fidelia Quirot, mas terminou na terceira posição, com uma décima de vantagem sobre a britânica Kelly Holmes.

Ali, naquele momento, Moçambique entrou em festa. Era uma medalha ansiada há muito e Mutola tinha finalmente confirmado as expectativas.

Quatro anos depois, a euforia foi ainda maior. Aos 27 anos, e numa das melhores fases da sua carreira, cruzou a meta na primeira posição, com um máximo de temporada e com praticamente meio segundo de vantagem sobre Stephanie Graf da Áustria.

Maria de Lurdes Mutola teve uma despedida amarga em Atenas em 2004. Numa temporada com algumas lesões, esteve perto de revalidar o título olímpico e liderou até à última recta, fase em que foi ultrapassada por três adversárias, terminando numa ingrata quarta posição, a oito centésimos do pódio e a 13 da medalha de ouro.

As medalhas da oitocentista continuam a ser as únicas na história olímpica de Moçambique.

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