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Lucas Sinóia: Dureza dos punhos ao serviço da auto-estima

Protagonizou o KO mais rápido dos Jogos Africanos do Cairo. Estava-se em pleno dia 25 de Junho de 1991. Às 9 horas a delegação moçambicana festejava, um pouco às corridas, mais um aniversário da nossa Independência, em terras egípcias. Lucas Sinóia não pôde marcar presença na festa, porque tinha um combate aprazado para as 13 horas, frente ao campeão africano do escalão, em representação do Gana.

O jogo começou. Lucas entrou decidido a não dar qualquer hipótese ao ganês, partindo de imediato para o corpo-a-corpo. De repente… passavam apenas 30 segundos do primeiro assalto e o ganês já havia sido enviado ao tapete. Sinóia desferira uma sucessão de murros cruzados dirigidos à zona do estômago e quando o adversário se tentou proteger, veio a opção por o atingir contundentemente no queixo.

Foi o mais rápido KO dos Jogos do Cairo. Sinóia além de pugilista bem maduro, trazia o país no coração. Interrogado sobre o porquê de se apresentar nas competições internacionais bem mais duro e “castigador” que internamente, respondeu; “aqui tenho que demonstrar o que é a verdadeira auto-estima”.

Contraste

Lucas Januário Sinóia, é natural de Mutarara, província de Tete. De estatura sobre o baixo, é a “calmaria”e bom trato em pessoa. Fora dos ringues, é pouco falador, sempre pronto a fazer amigos, cidadão avesso a zaragatas e protagonismos.

Porém…

No ringue e logo após soar o “gong”, torna-se um verdadeiro leão. Frequentou as escolas de boxe soviético, cubana e norte-americana, tendo sido, seguramente, o melhor pugilista moçambicano dos últimos tempos.

Exímio a jogar à meia-distância, nem por isso se furtava ao corpo-a-corpo. Do seu registo de combates, ressalta o facto de evitar colocar os pugilistas nacionais KO, em claro contraste com o que acontecia frente aos estrangeiros.

Deixou a modalidade e passou a encarar o boxe de outra maneira: ensinando os mais novos. A Academia Lucas Sinóia, que vem produzindo pugilistas principalmente para o Matchedje, seu clube de coração, foi a resposta para se manter útil à modalidade que sempre amou.

 

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