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Lixeira de Hulene: Um ano depois perigo continua à espreita

Completou ontem um ano depois que a lixeira de Hulene desabou e matou 16 pessoas. O Município decidiu evacuar as pessoas circunvizinhas que no entanto continuam por reassentar. E a lixeira continua em funcionamento.

Pode-se assim dizer que foi pelas piores razões que o dia 19 de fevereiro entrou para a história de Moçambique. Por volta das três horas de Madrugada daquele dia, no ano passado, uma montanha de lixo, segundo testemunhas comparada a um prédio de três andares, deslizou indo directo para as casas circunvizinhas, maioritariamente habitadas por catadores de lixo.

16 pessoas morreram. Um ano depois muita coisa mudou nas redondezas da lixeira. As casas afectadas foram retiradas, criou-se um vão, que entretanto tornou se uma mata. Foram também abertas algumas valas para a drenagem das águas das chuvas e oriundas das montanhas de lixo que continuam imponentes. Mas estas mudanças trouxeram outros problemas para os que ainda são vizinhos da lixeira. Lina Zacarias Langa é uma delas. “Esta mata, nos mata também. Está cheia de cobras, mosquitos e drenagem que fizeram não escoa a água.? Queixou-se.

Com efeito houve mudanças nas redondezas, mas na sua essência a lixeira de hulene continua a mesma. Bastante activa. Bastante concorrida e também bastante perigosa. Os camiões chegam frequente mente para descarregar lixo. O frenesim dos catadores é enorme. Cada um procura por qualquer coisa. Para comer, reciclar ou vender. Por isso a rapidez é fundamental apesar de todos os riscos. E a montanha do lixo continua a crescer. A senhora Lina diz que teme pela vida mesmo depois da intervenção do Município.“ Só vieram colocar esta rede aqui. Esta rede não vai conseguir segurar o lixo quando cair de novo? lamenta referindo-se a rede colocada pelo município para a proteção a volta da lixeira.

Afonso é um jovem residente também das proximidades da lixeira. Perguntamos se com a intervenção feita algo havia mudado na zona. Diz que na verdade tudo continua como antes. “Veja la do lado da Julius Nyerere. Está um caos isto” referindo-se ao engarrafamento provocado pelos camiões de lixo e pelos catadores.

Na verdade, apesar de ser incómoda para muitos, o prometido encerramento a lixeira não é de agrado de todos. “Há muita gente que vive disto aqui. Isto já não é uma lixeira. É uma indústria” defendeu.
As famílias retiradas continuam em casas arrendadas pagas pelos dez mil meticais mensais disponibilizados pelo Município. Isso parece estar a cansar os afectados, principalmente porque não sabem até quando terão habitações próprias. “Ninguém está confortável fora da sua casa “desabafou Afonso, um dos beneficiários dos dez mil meticais para pagar a renda da casa.

O encerramento da lixeira de Hulene ao que se sabe, está dependente da conclusão do aterro sanitário de Matlhemele fracassada que foi a alternativa de Marracuene.  

 

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