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Já se respira de alívio na Polana Caniço!

Foto: O País

Há duas semanas que não se registam pacientes com COVID-19 internados no centro de referência de tratamento e internamento, o Hospital da Polana Caniço não interna paciente vítimas do novo Coronavírus. Mesmo o de Mavalane só tem dois pacientes que foram admitidos no último sábado.

Há duas semanas que os dias sorriem para o centro de internamento e tratamento do novo Coronavírus do Hospital Geral da Polana Caniço, na Cidade de Maputo. É que já não se ouvem tosses, uma respiração ofegante de pacientes infectados pela COVID-19 e o medo de perder uma vida que se encontrava presa às máquinas, neste caso, os ventiladores.

Os profissionais de Saúde entram e passeiam pelos corredores sem precisar de paramentar (uso do equipamento de protecção individual). Os quartos estão vazios e camas desocupadas. Uma imagem muito rara de se ver.

“Como podem ver as enfermarias. Estamos há cerca de duas semanas sem receber nenhum paciente”, confirmou Hélia Manasse, directora do Hospital Geral da Polana Caniço, acrescentando que, neste momento, o centro de referência está a proceder à desinfecção das enfermarias.

Por agora, não estão a receber pacientes com a COVID-19, mas, por se tratar de uma pandemia, por isso, imprevisível, a preparação é contínua. “Estamos mais a preparar os ventiladores. Ressentimo-nos, na terceira vaga, da procura de ventiladores, dado que a maior parte dos pacientes que nós recebíamos, em comparação com as outras vagas, eram doentes críticos e, sendo críticos, todos tinham que estar no ventilador. Também pudemos perceber que em cada vaga que nos vai aparecendo, o número de pacientes críticos vai aumentando. Nesta perspectiva, nós já solicitámos o reforço em ventiladores para eventual quarta vaga”, revelou Hélia Manasse.

E a requisição dos meios é com base na experiência daquela que é considerada pior vaga, a terceira. Nesta onda, 92 das 120 camas foram ocupadas. Houve mulheres, homens, jovens e crianças que lutaram, a todo o custo, para vencer o vírus, recorrendo a forças sobrenaturais e divinas.

O que ficou na cama de cada paciente são as bíblias que eram companheiras fiéis dos internados e um alívio, diga-se, inacreditável para o centro. “A terceira vaga foi a pior para nós, porque tivemos muitas perdas, pacientes chegavam-nos em estado crítico, que podíamos fazer tudo e, em algum momento, não conseguimos ganhá-los. Ninguém imaginou que um dia pudéssemos ficar assim sem pacientes na enfermaria. Foi tanto estresse e tanta pressão”, descreveu a directora do Hospital Geral da Polana Caniço.

Momento inimaginável vive, também, o Hospital Geral de Mavalane que chegou a internar 531 pacientes com COVID-19. “Do dia 30 até sábado, não estávamos a registar nenhum paciente com a COVID-19. Então, todas as enfermarias estavam livres, mas, infelizmente, a partir do último sábado, estamos a registar novas entradas e temos, neste preciso momento, dois doentes, um é moderado e outro é, relativamente, grave, porque tem outras comorbidades que dificultam o seu tratamento”, referiu João Guimarães Tembe, director do Hospital Geral de Mavalane.

E porque a quarta vaga ainda é uma incerteza, Mavalane segue o mesmo caminho que o da Polana Caniço, que é a manutenção dos equipamentos.

“Além da manutenção do equipamento, estamos a fazer a limpeza das enfermarias e treinamento do pessoal, partindo da experiência das vagas anteriores”, disse João Guimarães Tembe.

Segundo a última actualização do Ministério da Saúde, até esta segunda-feira, o país contava com oito pacientes com COVID-19 internados nas unidades sanitárias, sendo quatro na Cidade de Maputo, dois em Niassa, Nampula e Inhambane com um cada. O restante das províncias não tem nenhum doente com COVID-19 internado.

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