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Inundações afectam 237 famílias em Machanga

Depois da tempestade, o sol voltou a brilhar, mas o sofrimento da população de Machanga, em Sofala, está longe do fim. Na vila-sede tudo está praticamente no meio da água, mas há quem insiste em ficar em casa, certo de que a situação vai melhorar.

É o caso de Carlos Diogo, interpelado pelo “O País” na varanda da sua casa, enquanto a água do Save serpenteava pelo quintal. Ele perdeu tudo que tinha na machamba, mas ainda não perdeu nenhum dos seus bens, porque a habitação está numa zona elevada. Apesar de o caudal do rio estar a subir a olhos vistos, ele diz que ainda não é tempo de abandonar o domicílio.

No centro da vila de Machanga, várias pessoas circulam pelas vias inundadas e o discurso é o mesmo: todas as casas estão alagadas. As inundações forçaram o encerramento do hospital local e os pacientes foram transferidos para o edifício onde funciona a conservatória local.

Mas a nossa reportagem encontrou, no mesmo hospital, uma senhora à espera de dar à luz ao seu quinto filho. Enquanto esperava pelo filho nascer, a mulher estava sentada na varanda do hospital, a controlar se a água aumentava ou reduzia. Porém, se a situação não mudasse até à altura do parto, ela iria à conservatória, onde funciona a unidade sanitária, provisoriamente.

Aliás, por volta das 13h00 em que a senhora falou ao “O País”, ainda não tinha tomado o seu almoço. De acordo com as suas palavras, ninguém se fez à cozinha do hospital para preparar alimentos, porque o espaço estava alagado. Com as comunicações cortadas devido às intempéries, a mulher não tinha meios para articular com a família.

Muitas pessoas abandonaram a vila de Machanga, fugindo das inundações. Apenas um barco a motor estava disponível para garantir a deslocação da população.

O governo disse que transferiu 300 famílias para os centros de abrigo, cujo acesso é através de caminhos também encharcados. Casas encontravam-se na mesma situação.

Foram cerca de dois quilómetros a pé, com água quase à altura da cintura. Aliás, a água do rio Save já estava à porta da escola onde o grosso das famílias foi abrigado. As famílias chegaram ao abrigo com o que puderam levar no momento da correria para escapar da fúria da água. A prioridade foi carregar esteiras de modo a não passar as noites no chão e também alguma comida.

O Instituto Nacional de Gestão e Redução do Risco de Desastres está a mobilizar mantimentos para os três centros de abrigo instalados em Machanga, nomeadamente comida, redes mosquiteiras e condições para as famílias se instalarem.

Segundo Cândido Mapute, delegado do INGD em Inhambane, em Machanga, além das mais de 800 famílias desalojadas, mais de 130 casas estão submersas.

Além da vila de Machanga, o rio Save inundou igualmente parte de Mambone, em Inhambane.

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