O País – A verdade como notícia

“Inga”: uma médica que “diagnosticou” sucesso em Angola

Ingvild da Ofilia Agostinho Mucauro conquistou, sexta-feira, a Supertaça de Angola de basquetebol ao serviço do Inter Clube, conjunto que venceu o 1º de Agosto por 81-76. No duelo entre três moçambicanas (Tamara Seda e Onélia Mutombene jogaram pelo D’Agosto), “Inga” saiu-se melhor em Malanje, em pleno pavilhão Palancas Negra.

“A vaincre sans péril, on triomphe sans gloire”. Traduzido: quem vence sem risco, triunfa sem glória. Escreveu, e muito bem, Pierre Corneille.

Deixou para trás e por uns momentos a medicina, que tem servido com profissionalismo, a tal ponto de ter estado na linha da frente no combate à pandemia da COVID-19, e aceitou o desafio de experimentar uma nova experiência em Angola por uns tempos. Para já, correu de feição, até porque teve bênção em Malanje, ao ser bafejada com o “primeiro milho” das “polícias” nesta temporada.

Ingvild “Inga” Mucauro precisou de tão pouco tempo para se (a)firmar no Inter Clube de Angola. Angola, como nação desportiva, há muito que a admira pela raça que, num passado recente, abalou a estrutura e euforia do clube mais titulado da Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol em seniores femininos (5 títulos).

Sexta-feira, em Malanje, Ingvild Mucauro não só entrou para o cinco inicial como também foi a segunda atleta mais utilizada, ao contabilizar (30:43 minutos na quadra), tendo sido apenas superada por Erica Guilherme com 30:44.

Neste tempo na quadra, a extremo esteve perto de um duplo, ao contabilizar nove pontos e sete ressaltos, aos quais acrescentou Italee Lucas, mesmo sem fulgor de outrora que “aniquilou” a agora colega Ingvild Mucauro quando estava no Ferroviário, foi a melhor cestinha com 18 pontos e 2 ressaltos em 22:00 minutos na quadra. Ainda é uma jogadora influente a americana naturalizada angolana, mas não como nos tempos em que teve Sequoia Holmes como “amuleto”.

Seja como for, este jogo da Supertaça fez uma vez mais vir ao de cima a influência de Tamara Seda na zona restrita, com a poste moçambicana a arrancar um duplo-duplo (19 pontos e 10 ressaltos) em 24:14 minutos na quadra.

A base Onélia Pérola Mutombene contabilizou três pontos e capturou um ressalto em 21:04 minutos na quadra.

A “boxe score” indica que as “polícias” foram mais eficazes que no aproveitamento de situações de “turnovers”, contabilizando 21 pontos contra sete das “militares”.

Mais do mesmo na pontuação em situações de contra-ataque: Inter Clube concretizou 25 enquanto o D’Agosto marcou 21. Mais forte nos pontos na zona restrita, o 1º de Agosto converteu 38 contra 34 do Inter Clube. Equilibradíssimos, os pontos de jogadoras vindas do banco indicam que o D’Agosto conseguiu 35 e o Inter 24.

O D’Agosto de Walter Costa controlou um primeiro quarto equilibrado com um parcial de 22-19. No segundo quarto, o marcador indicava 19-19 e o D’Agosto saiu ao intervalo com uma vantagem de três pontos: 38-41. Reagiram às “polícias” que fizeram um bom terceiro quarto, etapa do jogo na qual condicionaram o seu adversário e venceram pelo parcial de 23-14.

Carlos Dinis (que sucedeu a velha raposa Apolinário Paquete no comando do Inter) cumpriu naquele que era o seu primeiro objectivo da temporada.

 

Mucauro exulta com conquista da Supertaça

Há sempre uma primeira vez! E esta é a primeira aventura de Ingvild Mucauro no estrangeiro. A extremo, de 29 anos, tem sido determinante nos conjuntos em que evolui, mas o lado profissional não lhe permite, muitas vezes, apostar em internacionalizações.

“É a minha primeira experiência internacional. É a primeira vez que eu represento um clube fora de Moçambique. É bastante gratificante e especial”, regozijou-se Mucauro.

Com os olhos quase a ganharem o azul do mar, radiante, a extremo fala do pouco tempo de integração ao grupo de trabalho. “Apesar do pouco tempo que tive em Luanda, consegui enquadrar-me bem graças ao ‘coach’ Carlos Dinis. Graças a Deus, consegui fazer o meu melhor, enquadrar-me, chegar à Supertaça e conquistar a prova”, notou a internacional basquetebolista moçambicana.

O céu é o limite. E este foi apenas o primeiro troféu conquistado pelo Inter Clube, formação que procura resgatar o seu protagonismo no basquetebol feminino angolano. Isto depois de, na última temporada, ter perdido quase todas as competições para o D’Agosto que teve em Tamara Seda um grande reforço. O objectivo é, seguramente, conquistar o título maior, mas, para tal, há que continuar a trabalhar e continuar a contar com o apoio de todos aqueles que a rodeiam.

“Agradeço, também, pela oportunidade que o clube Costa do Sol, o treinador Leonel Manhique neste caso, e as minhas colegas de grupo me deram para estar cá e poder ajudar outro clube, mas também para poder aprender. Acredito que temos muito a ganhar com isso.”

A família, um bem que está sempre presente na extremo, teve um papel fundamental nesta aventura, pelo que Ingvild Mucauro deixa uma palavra de apreço. Cruzar o Atlântico foi, de resto, uma decisão suportada pela família.

“Agradeço à minha família pelo apoio incondicional. Sem vocês, nada disto seria possível. Aos meus colegas de trabalho e amigos, o meu muito obrigado pelo apoio. Sempre que for possível, espero poder colher experiências deste género para poder aprender e também representar o basquetebol moçambicano, em especial, o basquetebol feminino de uma maneira positiva. Vou sempre fazer o melhor para poder aprender”, finalizou em entrevista ao “O País”.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos