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“Horário das 8 às 12 horas para escolinhas não funciona”, dizem pais e encarregados

Foto: O País

Na cidade de Maputo, há escolinhas que, nesta segunda-feira, continuaram sem aulas, mesmo depois do anúncio da sua reabertura pelo Presidente da República, na passada quinta-feira. Pais e encarregados de educação não gostam do horário das 8 às 12.

Vazio e silêncio são as únicas palavras para descrever o primeiro dia da reabertura das aulas do ensino pré-escolar na capital do país. É esse cenário que a equipa do “O País” encontrou numa escolinha, localizada no bairro Maxaquene “C”. As salas estão coloridas, algo típico destes estabelecimentos de ensino. Mesinhas e cadeiras perfiladas à espera dos seus “donos”.

No recinto escolar, os baloiços e outros brinquedos de deleite das crianças estão intactos e quase não escapam à bravura dos raios do sol.

Os responsáveis destes estabelecimentos de ensino não se conformam com o horário das 8 às 12 horas. É que ao fazerem as contas, concluem que não é favorável.

“Com este horário, nenhum pai preferiria inscrever o seu educando para estudar pouco tempo. Os pais trazem os seus filhos, porque eles não têm tempo e meio-dia não os ajudaria, uma vez que saem dos seus postos de trabalho mais tarde”, disse Argentina Augusto, responsável da escolinha em Maxaquene “C”.

Márcia Bule, encarregada de educação, dirigiu-se à escolinha para saber se as aulas estavam ou não a decorrer e a resposta não foi das melhores. Ela soube no local que não havia previsão do retorno às aulas.

“A resposta não foi positiva. Estamos de mãos atadas. Já não estamos a conseguir manter o ritmo das crianças em casa. A minha esperança é que a criança voltasse a estudar ainda esta semana”, expressou-se Márcia Bule.

Ainda na sua ronda, “O País” encontrou uma outra escolinha, no Bairro Coop, onde, ao menos, o eco das letras do abecedário se mantém vivo, os sonhos também. Que o diga as alunas Natacha Bernardo e Jennifer Uqueio.

Ambas sentiram na pele a dor de ficar em casa, pressionadas com o dia-a-dia um tanto incerto. Com a reabertura das escolinhas, as alunas têm, agora, a oportunidade de matar as saudades, mas sem abraços, para evitar o risco de contaminação pela COVID-19.

“Gosto de aprender as letras e de fazer contas e estou feliz por agora poder matar saudades das minhas colegas e da professora”, disse Jennifer Uqueio.

“Quero ser cantora e sei que devo estudar bastante para ser bem-sucedida na minha carreira”, revelou, de forma astuta, Natacha Bernardo.

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