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HCM expulsa e não paga funcionários que estiveram na linha da frente no combate à COVID-19

Foto: O País

Mais de 100 funcionários afectos ao Hospital Central de Maputo, nas enfermarias da COVID-19, foram despedidos, sem salários dos últimos dois meses, sem aviso prévio, alegadamente sem justa causa. O grupo é composto por médicos, enfermeiros, motoristas e auxiliares.

No pico da pandemia da COVID-19 no país, sobretudo na Cidade de Maputo, as autoridades da Saúde recrutaram equipas de médicos, enfermeiros, motoristas e auxiliares para reforçar as que já estavam no activo e que se queixavam de estar a trabalhar além do seu limite, devido ao impacto da doença.

Volvido algum tempo, parte dos mais de 100 funcionários afectos ao Hospital Central de Maputo, e que trabalhavam directamente no combate à COVID-19, foi despedida sem aviso prévio e salários de dois meses em atraso.

Em consequência do despedimento e em situação de alegada injustiça, estes profissionais juntaram-se, esta segunda-feira, na enfermaria onde combatiam a pandemia da COVID-19 para reivindicar os seus direitos. Sem revelar a sua identidade, uma das médicas falou ao Jornal “O País” e contou o que está ser vivido actualmente por aquela classe profissional.

“Não nos deram décimo terceiro e o salário em Dezembro, não deram salário de Janeiro e Fevereiro alegando que eles não têm dinheiro. Para nós seria importante se nos dissessem quando é que eles vão pagar. Mas estão a dizer que não sabem quando é que vão pagar”.

Naquelas enfermarias improvisadas com tendas, o grupo de profissionais viveu momentos dramáticos, conseguiram salvar alguns e outros cederam perante à força da doença e ficaram marcas. “Quando a COVID-19 esteve no pico, nós estivemos a dar resposta à COVID-19, em parte sofremos descriminação, sofremos depressão por causa de estar na linha da frente a tratar esta doença”, contou uma das médicas que também viu o seu contrato cessar.

Indignam-se também os profissionais de Saúde, pelo facto de não terem tido pré-aviso para cessação de funções. “Na sexta-feira tivemos uma reunião, sem mais nem menos mandaram-nos embora. Quem tem noite não venha mais fazer noite, quem tem tarde não venha fazer mais tardes. Fiquem nas vossas casas e sem salários e sem nada e não sabem quando é que vão nos dar”, contou uma das funcionárias que também não quis revelar a sua identidade.

A Direcção-geral do Hospital Central de Maputo disse que não ia se pronunciar à volta deste assunto, remetendo o mesmo para o Ministério da Saúde e este, por sua vez, prometeu pronunciar-se oportunamente.

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