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“Habemus” campeão?

Fotos: O País

Quando, em 2019, a Associação Black Bulls bateu as Águias Especiais (3-1) em duelo da 21.ª e penúltima jornada do Campeonato da Divisão de Honra-Zona Sul e garantiu, desde logo, à ascensão ao Moçambola, era pouco crível que em tão curto espaço de tempo pudesse deixar os históricos do futebol moçambicano com o credo na boca. Ou seja, na sua estreia no Moçambola, fez uma campanha irrepreensível e, há três jornadas do fim da prova, precisa de apenas dois pontos para conquistar o inédito título de campeão cá da aldeia.

Quando, em 2016, se instalou lá para as Matolas onde abraçou o projecto ambiciosíssimo de Juneid Lalgy, qual Ulrich “Uli” Hoeneß, homem que agigantou o Bayern Munique, o técnico português Hélder Duarte sequer imaginava que podia, a uma velocidade de cruzeiro, colocar-se no topo do futebol moçambicano. Tudo vale a pena quando a alma não é pequena. Escreveu, e bem, Fernando Pessoa. E a juventude da Associação Black Bulls, com alma e áurea vencedora, pode já no domingo fazer história para depois contar histórias.

Num duelo entre as equipas sensação da prova, domingo, a Associação Black Bulls vai a Lichinga, terreno tradicionalmente difícil, jogar com o Ferroviário local que está a maravilhar na sua estreia no Campeonato nacional.

Dois ex-internacionais moçambicanos, Antoninho Muchanga e Arnaldo Ouana, estruturaram uma equipa sem grande peso orçamental, mas talhada para bons resultados. Combativa. E o resultado é que, em 23 jornadas disputadas, é quarta classificada com 38 pontos à frente dos tradicionais candidatos ao título. Pois bem: é diante deste adversário que a Associação Black Bulls vai procurar impor o seu futebol e jogar todas as suas cartas para já este fim-de-semana açambarcar o troféu mais ambicionado em MOZ. Mas atenção que os donos da casa não pretendem, e nem tão pouco, estender o tapete vermelho para os touros desfilarem no Estádio Municipal 1° de Maio, qual “Plaza de Toros de la Maestranza de Cabellería de Sevilla”.

À espreita de um deslize da Associação Black Bulls, o Ferroviário da Beira, que só se pode queixar de si mesmo até pelo empate com o Desportivo de Maputo (0-0), faz “sala” domingo no Caldeirão do Chiveve ao seu homónimo de Nacala. Os Tranquilos, os de Nacala, depois de terem assegurado a manutenção, jogam para amealhar pontos e melhorar a sua classificação. Mais pressionado, porquanto ainda acredita chegar ao título cinco anos depois, o conjunto de Akil Marcelino tem que fazer por merecer. Não se pode apresentar apático tal como no duelo com o Desportivo Maputo, sábado, no Estádio da Machava.

No outro extremo do país, Nampula, onde se fez das “tripas o coração” para se evitar a queda, o Ferroviário de Nelson Santos bate-se com a União Desportiva do Songo, ainda com os olhos no segundo lugar. Posição, de resto, que ocupou no último Campeonato nacional (2019), prova na qual conquistou 60 pontos (menos seis que o campeão Costa do Sol). Nelson Santos chegou e resolveu as contas da manutenção, mas uma vitória não faria mal a um conjunto com uma campanha sofrida no Moçambola-2021.

Em época de estreia, o Matchedje de Mocuba não conseguiu, em momento algum, estabilidade em termos desportivos. E os números por si apresentados (17 pontos, resultantes de apenas quatro vitórias, 14 derrotas e cinco empates, que colocam a equipa na 12ª posição) não escondem uma campanha desastrosa.  Ainda assim, o Matchedje de Mocuba não deixa de acreditar que, no último suspiro, com a conjugação dos resultados do Incomáti de Xinavane, possa evitar a disputa da “liguilha”. Calculadora na mão, vencer a Liga Desportiva de Maputo é primordial para alimentar o sonho.

Cumprido o objectivo de se manter na elite do futebol, em tempos de desaceleração de investimento, a Liga Desportiva de Maputo vai a Quelimane para vencer. Dário Monteiro e seus pupilos ainda podem galgar algumas posições na tabela classificativa. Jogo, por isso, com elevado grau de dificuldades para o Matchedje de Mocuba.

 

INCOMÁTI: VENCER OU VENCER

A roçar a zona de despromoção, ainda que com seis pontos de avanço em relação ao Matchedje de Mocuba, o Incomáti de Xinavane joga uma cartada importantíssima sábado diante do Desportivo Maputo.

É vencer ou vencer no “canavial” para chegar a casa dos 26 pontos e arrumar as contas da manutenção, em mais uma época em que andou às cambalhotas no Moçambola-2021 com ameaças de desistência, pelo meio, dada alegadas situações de má arbitragem. Mas esses são outros contos: no campo, o Incomáti deve-se impor para não arrastar esta decisão para as próximas rondas.

Cambaco interrompeu, no passado sábado, uma dolorosa série de seis derrotas consecutivas dos “alvi-negros” mas sabe que o caminho da “liguilha” é praticamente inevitável.

E não será surpresa para ninguém, dada a constante instabilidade no plantel, principalmente a falta de condições de trabalho e salários em atraso. Mais do mesmo no centenário clubes a chafurdar numa crise financeira.

Por estas alturas (ndr: na 27.ª jornada de uma prova com 16 equipas), há dois anos, o Costa do Sol estaria em modo festivo pela conquista do Moçambola, após vitória sobre a União Desportiva do Songo, por 4-2. Época atípica, exibições irregulares e duas chicotadas psicológicas marcaram de forma negativa a marcha do campeão.  Uma vitória por 2-1 na passada quarta-feira, diante da União Desportiva do Songo, pode ser o mote para uma ponta final digna de campeonato dos “canarinhos”.

Diante do “moribundo” Textáfrica de Chimoio, agora a “ganhar ritmo” para a liguilha, o Costa do Sol não vai facilitar. Há questões de grandeza e honra do clube mais titulado do país. Em Vilankulo, o Ferroviário de Maputo vai jogar com a Associação Desportiva que ambiciona amealhar os três pontos.

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