O País – A verdade como notícia

Há “recados”, mas negam-se crispações internas na Renamo

Depois de Ossufo Momade ter condenado a postura de alguns membros do partido por recorrerem às redes sociais e imprensa para denunciar contendas internas, a Renamo nega haver crispações internas.

As alegadas crispações internas no partido Renamo ganharam azo com o discurso do presidente da formação política, que, em jeito de, aparentemente, limar o que vai mal no seio partidário, condenou a postura de alguns membros que levam à imprensa e redes sociais as contradições internas.

Ossufo Momade convidou os membros a absterem-se de “expor opiniões sobre o nosso partido nos jornais, nas rádios, televisões ou redes sociais, porque isso não engrandece este partido que todos nós amamos”.

Recorde-se que, recentemente, o presidente do Município de Quelimane e membro da Comissão Política da Renamo, Manuel de Araújo, denunciou, na imprensa, que sofreu alguma pressão do partido para desviar fundos da autarquia para financiar actividades partidárias.

Esta terça-feira, à margem do Conselho Nacional, o jornal “O País” questionou o porta-voz do partido se este assunto terá merecido debate. A resposta de José Manteigas foi categórica: “não há crispações internas na Renamo”.

Depois de defender que a Renamo não discute pessoas, Manteigas acabou por ir mais longe, ao afirmar que Manuel de Araújo é membro do órgão máximo do partido, participou no Conselho Nacional e “este assunto não foi debatido”.

Sobre a alegada pretensão de desvio de fundos para actividades partidárias, o porta-voz afirmou que o partido preza pela apartidarização das instituições do Estado e esclareceu que, nos municípios dirigidos pela Renamo, os membros pagam quotas, ou seja, as actividades são financiadas pelos fundos da perdiz.

SOBRE TERCEIRO MANDATO E ELEIÇÕES DISTRITAIS

A reunião do órgão máximo da Renamo aconteceu depois de alguns episódios candentes da vida política do partido no poder e do país, nomeadamente, a polémica sobre o suposto terceiro mandato de Filipe Nyusi e a viabilidade das eleições distritais.

Estes dois pontos foram despoletados nos dois últimos eventos do partido Frelimo, designadamente, o congresso da OJM, no qual a juventude expressou o anseio em ver o actual presidente do partido por mais cinco anos; e o Comité Central, no qual Filipe Nyusi levantou a necessidade de se discutir a viabilidade das eleições distritais em 2024.

A mensagem do Presidente da Frelimo não caiu bem aos ouvidos da maior oposição que, na sua análise, encontra indícios de “ensaios que podem assassinar a democracia”.

A maior oposição entende que não há matéria que justifique a não realização das eleições distritais em 2024. “A Constituição da República prevê eleições distritais, que são o culminar do processo de descentralização e todos nós sabemos que traz vantagens para qualquer Estado, que aproxima os serviços ao cidadão, aproxima mais o poder, permite que o cidadão escolha o seu dirigente, e nós já não podemos permitir governações ditatoriais e impostas”, reiterou José Manteigas, porta-voz daquela formação política, que falava à imprensa esta terça-feira, sobre o balanço do Conselho Nacional da perdiz.  

O processo de democratização está em marcha ao mesmo passo da implementação do novo quadro legislativo no país. Nas últimas eleições gerais, os moçambicanos puderam, pela primeira vez, eleger governadores provinciais e, neste Governo, entrou em cena uma nova figura na matriz político-governativa, o secretário de Estado. Estes avanços, segundo o porta-voz da perdiz, são irreversíveis.

O Conselho Nacional da Renamo também apreciou os avanços do processo de desmobilização, desmilitarização e reintegração das forças residuais do partido. Entretanto, o número de ex-guerrilheiros ainda por desmobilizar não foi revelado.

“MOÇAMBIQUE É REFERÊNCIA EM PROBLEMAS NA EDUCAÇÃO”

A polémica sobre o livro das Ciências Sociais da 6ª classe continua a merecer críticas de várias frentes. A Renamo considera que os erros cometidos denunciam os inúmeros problemas que minam o sector da educação no país.

Para a Renamo, esta polémica é a ponta do icebergde uma série de erros que vêm sendo cometidos, não só no Sistema Nacional de Educação como em outros sectores de actividade.

Partilhe

RELACIONADAS

+ LIDAS

Siga nos