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Há praças públicas que servem de abrigo para moradores de rua em Maputo

Foto: O País

Aos 134 anos de elevação à categoria de cidade, Maputo ainda tem praças públicas em situação de abandono e entregues à sua própria sorte. Algumas transformaram-se em centros de comércio informal e outras servem de abrigo para os moradores de rua.

A Cidade de Maputo, centenária há 34 anos, conta com mais de 10 praças públicas que homenageiam episódios e figuras marcantes da história de Moçambique.

Cada uma com um estilo e forma diferente encanta todos que a contemplam. No entanto, nem tudo é beleza e quem vive na cidade sabe do que falamos.

“Nem todas as praças estão organizadas. Alguns estão num estado deplorável, pedindo que sejam reconstruídas”, disse Zaida Alberto, munícipe da cidade das acácias, falando do aspecto das praças e rotundas.

São locais concebidos para lazer ou então para trazer uma imagem diferente à cidade, uns com bancos, árvores ou áreas verdes, por vezes até com internet grátis, mas isso nem sempre acontece.

A Praça da Juventude, por exemplo, localizada mais ao norte da Cidade de Maputo, no vulgo bairro Magoanine, é o exemplo de praças maltratadas.

O local há muito que foi tomado de assalto por vendedores informais e nele vende-se de tudo, desde roupa usada, produtos alimentares, material de construção e, até serviços de táxi e mecânica.

“As condições da praça de Magoanine são péssimas. Ali é preciso que algo seja feito com urgência, para embelezar a nossa cidade. O Município [de Maputo] devia proibir que as pessoas vendam areia e pedra na praça e organizar, colocar relva e uma estátua da juventude”, desabafou João António.

A insatisfação dos cidadãos, em relação à gestão de infra-estruturas sob a direcção do Município de Maputo é tanta que os munícipes perderam a esperança de ver alguma melhoria.

“Não é possível resolverem nada. Aqui tudo está mal. Se o Município não consegue reabilitar a tão degradada Avenida Julius Nyerere, estará em condições de reabilitar aquela praça? Primeiro que resolva a situação das estradas”, desabafou a Fernando Chipanda, com uma ar de agastado.

Um outro local cujo aspecto não faz jus ao nome é a Praça 25 de Junho, uma das maiores da cidade, localizada no coração da baixa, nas barbas da baía de Maputo.

O local é sujo e desorganizado. Os bancos quase não existem, sentar-se onde poder é o que vale.

Zaida Alberto trabalha na Cidade de Maputo e vive na Matola. Devido à sua rotina de trabalho, tem visitado constantemente a Praça 25 de Junho e diz-se agastada e decepcionada, principalmente porque, para além da imundície, os moradores de rua que ali residem são uma ameaça.

“A 25 de Junho é uma das praças mais desorganizadas que temos. Aquilo nem devia chamar-se praça”, disse.

O massacre foi em moeda, mas, em Maputo, a praça que a homenageia está a ser massacrada. No entanto, encontra-se abandonada. Localizada na parte ocidental de Maputo, junto ao mercado Nwankakana, de onde parte a ponte Maputo-KaTembe, esta a praça é conhecida por causa do número elevado de acidentes rodoviários, especialmente em dias de chuva.

Localizada numa zona privilegiada da cidade, de onde parte a ponte Maputo-KaTembe, perto do mercado Nwankancana, a Praça 16 de Junho é uma das mais antigas da capital e, por ironia do destino, uma das mais maltratadas ou quase não tratadas.

Com a construção da ponte Maputo-KaTembe, em 2018, esperava-se que a Praça 16 de Junho fosse contemplada, porém apenas uma placa nos faz recordar que se trata de uma praça. Os munícipes pedem por uma intervenção a quem é de direito

Mas, nem tudo está mal. O Município tem procedido à requalificação de praças públicas, a destacar a Praça dos Heróis, do destacamento feminino, dos trabalhadores entre outras que embelezam a Cidade de Maputo, que já soma 134 anos de elevação a esta categoria, mas os problemas que a assolam duplicam a sua idade.

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