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Grupo SOICO deplora exclusão na cobertura dos ataques em Palma

Desde a recuperação da Vila Sede do distrito de Palma que nenhum órgão de comunicação social privado nacional teve a oportunidade de escalar aquele ponto do país para a cobertura jornalística dos danos causados pelas incursões terroristas que duraram 11 dias.

No dia 31 de Março passado, os jornalistas do Grupo SOICO estiveram em Palma, mas as condições de (in)segurança não permitiram que o grupo dos jornalistas integrantes pudesse captar as reais e actuais imagens da vila. Desde então, apenas os órgãos de comunicação social públicos nacionais e alguns privados internacionais estiveram no terreno, num acto de exclusão da imprensa privada nacional. Em nome do Grupo Soico, a Directora de Informação, Olívia Massango, deplora a atitude das autoridades, no seu discurso transcrito nos parágrafos subsequentes.

“É lamentável esta exclusão a qual a imprensa nacional privada está sujeita, na cobertura de um acontecimento muito importante para os moçambicanos. Estamos a falar de um momento crítico da nossa história, um momento em que vidas humanas são postas em causa. Moçambicanos a viver em situações deploráveis, muitos preocupados com os seus familiares, infraestruturas destruídas e nós, como imprensa, temos a responsabilidade de informar a nossa sociedade. Aliás, uma sociedade democrática precisa de informação para que os cidadãos possam exercer a democracia participativa’’, começou.

“Estivemos desde os primeiros instantes engajados em colocar as nossas equipas no terreno, destacámos uma equipa composta pelo jornalista António Tiua e pelo repórter de imagem Pedro Uamba e as condições não eram favoráveis para um primeiro retrato daquilo que estava a acontecer. A equipa permaneceu na cidade de Pemba durante alguns dias, mas, para a nossa surpresa, no último domingo, ficámos a saber que apenas a imprensa internacional e a imprensa pública nacional é que puderam regressar a Palma para contar a história dos moçambicanos”, continuou.

“Isto fere-nos bastante por saber que estamos a ser excluídos estando no terreno, estando a colocar a nossa intenção de trazer a verdade para os moçambicanos. E ontem (quarta-feira), ficámos mais surpresos ainda ao saber que mais órgãos internacionais tiveram a oportunidade de chegar a Palma (refiro-me a RTP, a SIC e a imprensa pública nacional) e trazer os desenvolvimentos do que está a acontecer naquele ponto do país”, referiu.

“Nós ficamos em terra, mas, desde o primeiro instante, temos dialogado com as autoridades para manifestar o nosso interesse em estar presentes neste momento crítico da vida dos moçambicanos, porque acreditamos nós que, em contexto de ataques, não podemos fazer-nos ao terreno sem a devida protecção das Forças de Defesa e Segurança e essa protecção foi garantida aos estrangeiros que estiveram lá e a imprensa nacional privada foi preterida”, lamentou.

“Choca-nos saber que há um discurso político que não está alinhado com a prática. Ontem (quarta-feira) no dia 07 de Abril, o Presidente da República disse, no seu discurso, que os que virão de fora chegarão para nos apoiar e não para nos substituir, mas ao que assistimos em relação a cobertura dos ataques em Palma, é que nós estamos a ser substituídos”, rematou Olívia Massango.

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