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FMI prevê contracção da economia moçambicana de 0,5% este ano

O Fundo Monetário Internacional (FMI) prevê uma contracção da economia moçambicana na ordem de 0,5% este ano, principalmente, devido aos efeitos negativos da pandemia da COVID-19 que assola o mundo. Trata-se de uma revisão em baixa face às previsões anteriores de um crescimento de 1,4%.

A informação consta do mais recente relatório sobre as Perspectivas Económicas Regionais da África Subsaariana do FMI partilhado hoje pelo representante residente do FMI em Moçambique, Alexis Meyer, que está ainda fora do país devido às restrições da COVID-19, cerca de três meses após ter sido nomeado para o cargo.

Alexis Meyer considera razoável a contracção económica de 0,5% que Moçambique poderá registar este ano, por causa da crise causada pela COVID-19, atendendo que na região da África Subsaariana, o abrandamento económico será de 3%, o pior já registado. Porém, Meyer chama atenção.

“Essas previsões do PIB, potencialmente, se traduzirão em grandes perdas de renda per capita. Nos últimos 20 anos, o PIB mais do que dobrou em 28 dos 45 países da região, mas a crise, infelizmente, eliminará parte do progresso registado. Há duras perdas na qualidade de vida da região”, estimou o representante residente do FMI em Moçambique.

Essa redução de qualidade de vida resultará de perdas de rendimento. “É que cerca de 50% da população da região terá em média uma redução de 6% do crescimento da renda per capita, portanto, perderá cinco ou mais anos de ganhos de renda este ano e Moçambique tem uma perda esperada de dois anos”, avançou o Alexis Meyer.

Entretanto, o FMI prevê que a retoma económica inicie em 2021 e que um crescimento acelerado venha a ser registado entre os anos 2022 e 2023, com os investimentos esperados no gás natural na Bacia do Rovuma, província de Cabo Delgado.

Por sua vez, o economista principal e chefe de programa do Banco Mundial em Moçambique, Paulo Guilherme, também dez uma apresentação no fórum onde fora apresentadas as Perspectivas para a Região da África Subsaariana. Na sua intervenção, falou da importância de proteger empregos e empresas em caso de segunda vaga da COVID-19, já que só no segundo trimestre 120 mil pessoas ficaram desempregadas e muitos investimentos foram perdidos.

“Um estudo do Banco Mundial mostra que as empresas em Moçambique sobreviveriam sem vendas entre seis a 10 semanas, dependendo do sector. Isso foi do ano passado, portanto, agora, depois de tudo que já ocorreu, no segundo quarto e terceiro quarto – que foi um pouco melhor, essa resistência deve ter diminuído significativamente”, estimou Paulo Guilherme.

Citando ainda o estudo do Banco Mundial, Paulo Guilherme fez saber que os efeitos da crise sobre a procura demoram a passar em países em desenvolvimento, já que muitos investimentos importantes das empresas e muita mão-de-obra de qualidade são perdidos.

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