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FMF acciona Bordéus e Setúbal para esclarecer ausências de Mexer e Kamo-Kamo 

A Federação Moçambicana de Futebol (FMF) diz que irá apurar junto aos clubes de Mexer e Kamo-Kamo os motivos da ausência destes jogadores na concentração dos Mambas para os jogos com Camarões, mesmo depois de terem enviado passagens para os internacionais. A FMF reconhece que os resultados alcançados pelos Mambas não são os desejados, daí que irá avaliar com a equipa os motivos dos desaires.

Causaram estranheza e indignação, semana passada, as ausências de Mexer, jogador do Bordéus da França, e Kamo-Kamo, do Vitória de Setúbal de Portugal, no espaço da selecção nacional, mesmo depois de terem sido convocados e recebidas as respectivas passagens aéreas para se deslocarem a Douala, Camarões, onde os Mambas perderam na passada sexta-feira diante dos “Leões Indomáveis” por 3-1.

Instalou-se, aliás, um ambiente de cortar à faca e várias interpretações no panorama do futebol indígena.

De resto, segundo a Federação Moçambicana de Futebol, o jogador formado no centenário Grupo Desportivo Maputo (Edson Sitoe) não se dignou sequer a atender as chamadas de alguns dirigentes desta agremiação.

Mais do que não se ter juntado aos colegas para a dupla jornada do grupo D da zona africana de qualificação ao Mundial Qatar, Mexer escreveu no Facebook que era tempo de “acabar com os joguinhos” nos Mambas, dando a entender um suposto descontentamento com algo que não quis aprofundar.

“Amo o meu país e a nossa selecção. O povo moçambicano não merece esse tipo de joguinhos. Boa sorte aos meus colegas. Respeitem a história. Paz!”, escreveu o valoroso jogador com passagens pelo Nacional da Madeira (Portugal) e Rennes (França).

Mexer, pedra angular na defensiva dos Mambas, curiosamente, foi descartado pelo contestado Horácio Gonçalves nos embates diante da Costa do Marfim, no qual os Mambas empataram com os “Elefantes” a zero no maltratado relvado do Estádio Nacional do Zimpeto (ENZ), e Malawi, em desafio da segunda jornada do grupo “D”, que terminou com a vitória do Malawi por um a zero.

Kamo-Kamo, num caso que alimentou também várias interpretações, justificou a sua ausência com a perda de passaporte, nas vésperas da sua partida para a Douala.

Estas ausências não caíram muito bem no organismo que gere o futebol moçambicano, beliscado por alegada desorganização e interferência de algumas figuras ligadas ao futebol com interesses outros. E é precisamente para esclarecer o que, realmente, esteve por detrás da ausência dos internacionais moçambicanos nos jogos com os “Leões Indomáveis” que a Federação Moçambicana de Futebol já accionou os clubes de Mexer e Kamo-Kamo para apurar responsabilidades.

O presidente da Federação Moçambicana de Futebol disse, aliás, que o melhor espaço para os atletas se pronunciarem era mesmo em sede própria e não nas redes sociais. Deu exemplo de Zainadine Júnior, capitão dos Mambas, que, mesmo tendo contraído uma lesão, se deslocou ao país para ser avaliado pela equipa médica.

“Nós não trabalhamos com redes sociais. Oficialmente, não temos nenhum resultado. Nós envidamos esforços para que os jogadores justifiquem a sua ausência. Envidamos esforços juntos dos seus clubes”, começou por explicar Sidat.

Admite o dirigente que “provavelmente possam ter justificação”.  Seja como for, e para não colocar mais achas na fogueira alimentar polémica, “aguardamos, serenamente, pela justificação”.

Faltaram ao jogo com os Camarões. Certo. Mas, têm valor inquestionável. Pelo que as portas da selecção nacional continuam abertas.

“Contamos com estes jogadores. São jogadores que constituem uma mais-valia para a selecção nacional”, explicou o homem forte da FMF.

No campo desportivo, os Mambas teimam em vencer. Três derrotas e um empate colocam a selecção nacional fora da corrida ao Mundial Qatar 2022. Os resultados tardam em aparecer, os Mambas há muito deixaram de constituir orgulho para os amantes da bola. No ranking da FIFA, Moçambique cai a cada actualização.

Mas, afinal, o que estará por trás dos maus resultados e qual é a responsabilidade de quem dirige o futebol.

“O que nós queremos é que haja críticas construtivas. Se houver algum problema, o que é natural, as pessoas devem aproximar-se para falar abertamente”, observou Feizal Sidat.

A selecção nacional de futebol de praia participou, recentemente, no Mundial de futebol de praia, na Rússia. Ano passado, a selecção nacional de futebol sub-20 conquistou, em Port Elizabeth, na África do Sul, o torneio regional da COSAFA, ao derrotar a Namíbia na final, por 1-0, em partida realizada no Nelson Mandela Bay Stadium.

Estes e outros resultados não deixam, para Feizal Sidat, margem para dúvidas sobre o trabalho que a FMF está a desenvolver para devolver a mística e glória às equipas nacionais. Diz Sidat que não só são encorajadores como também um indicativo do comprometimento do seu elenco em trazer resultados favoráveis.

“Nós temos resultados com as outras selecções. Estamos a falar da selecção sub-20, de futebol de praia e futsal”, exemplificou. E disparou: “É uma preocupação comum. Mesmo esta direcção está preocupada com o facto da selecção nacional, Mambas, não ter resultados positivos”.

Ainda assim, não deixou de assegurar que a FMF “criou todas as condições logísticas e administrativas para a selecção e equipa técnica”. É neste sentido que “cabe agora a eles – jogadores – fazerem o esforço necessário. E vimos que, na segunda-feira, os jogadores fizeram um grande jogo contra o colosso Camarões. O fosso começa a reduzir. Vamos, por isso, continuar a trabalhar para que possamos ter resultados positivos. Vamos trabalhar para ter mais juventude. Estamos conscientes de que não estamos no bom caminho”.

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