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Filipe: o gato preto

Foi considerado um dos melhores guarda-redes de todos os tempos em Moçambique, a par de Zé Luís, Nuro Americano e Rui Évora. Um dia foi apelidado de “gato preto”, devido ao estilo “felino” na abordagem dos lances, apesar da sua estatura e corpo franzinos. Tal como os irmãos Conde, Nico, Betinho e Maenga, Filipe Chissequere, o madala cuja história relatamos, é produto de uma “escola” do nosso futebol: o Chiveve. Infelizmente, o grande guarda-redes já faleceu, mas as suas qualidades pertencem à história do país.

Do populoso bairro da Munhava, cedo despertou a atenção dos amantes da bola, pela forma de estar em campo, facto que não deixou indiferentes alguns dos principais clubes da altura. Primeiro, o Centro Recreativo Indo-Português (CRIP), seguindo-se o Boavista da Beira e, por fim, o Ferroviário local. Mas foi na capital do país, jogando pelo Matchedje e pela Selecção Nacional que viveu os momentos mais gloriosos da sua brilhante carreira, “disseminando-os” um pouco por África e por outros locais por onde a equipa nacional nacional e Matchedje passaram.

Fiel à história do passado

Já retirado, quando passeava pelas ruas da capital, fazia tudo para não despertar a atenção das pessoas. “Escondia-se” da sua fama e só aqueles que o viram brilhar durante a carreira desportiva é que o reconheciam. Esta era a sua forma de respeitar a simpatia que granjeava.

Salto para a capital

No ano de 1979, em grande forma na Beira, os grandes de Maputo não o deixavam descansar. As notícias eram constantes na imprensa mas, renitente, insistia em permanecer na sua terra, ao lado dos seus pais e amigos.

No entanto, em 1981 teve que escalar a capital, para cumprir o serviço militar. Há quem diga que o Matchedje teve que usar o “truque” da incorporação para ganhar à concorrência, já que ninguém o conseguia tirar da Beira. No entanto, a viagem seria o início da glória para o garoto, pois pouco tempo depois passou a ombrear com os melhores.

Mesmo tendo surgido numa altura em que o país possuía uma grande legião de grandes guarda-redes, Filipe conseguiu-se impor, apesar da aparente inferioridade em termos compleição física. Por isso, na selecção, teve primeiro que contentar-se com a condição de suplente para depois atacar na hora certa.

A sua estreia aconteceu em 1978, contra a selecção de Cuba. Desde essa altura passou a ser suplente do falecido Zé Luís e mais tarde de Nuro Americano. De 84 e 93 tornou-es titular indiscutível da equipa de todos nós.

 

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