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Filipe Branquinho e Mauro Pinto no 1º Festival Évora África em Portugal

Na sua essência, esta é uma celebração da cultura africana com várias manifestações artísticas, como exposições e concertos. Nesta estreia, o evento conta com a presença de 30 artistas contemporâneos, músicos e performers d’o berço da humanidade. Dois desses artistas são fotógrafos moçambicanos: Filipe Branquinho e Mauro Pinto.

De acordo com Branquinho, a sua participação é uma boa oportunidade de divulgar o trabalho fora de Moçambique e ao lado de grandes nomes da arte contemporânea africana, por exemplo, do fotógrafo maliano Malick Sidibé, uma das influências no seu trabalho. Ora, defende Filipe Branquinho, “estas iniciativas são de enorme prestígio e ajudam na circulação internacional e a colocar o nosso trabalho nos grandes mercados das artes. É também uma oportunidade para fazer contactos com jornalistas, curadores, galeristas, colecionadores, etc…, que abrem novas portas e ajudam a dar continuidade na divulgação e circulação do trabalho fora de Moçambique”.

Ao festival, o fotógrafo moçambicano levou um novo projecto, intitulado “Lipiko”. São duas obras de grande formato, técnica mista, nas quais, pela primeira vez, mistura fotografia e desenho. Na série, Branquinho usa a sátira para fazer uma reflexão sobre aspectos da actualidade nacional, procurando, de forma cômica, questionar valores. É “uma ponte entre a tradição e o presente, algo como de onde viemos, onde estamos e para onde vamos”.

Nas obras em causa, o fotógrafo utiliza as máscaras de mapiko, mas não é um trabalho sobre povo makonde, é uma apropriação das máscaras, daí o título “Lipiko”, “que é o personagem central ou a máscara no ritual do mapiko e que na minha opinião são bastante expressivas para representar a actualidade das cidades moçambicanas, desde as elites, o estado de vigia, o desamparo e outras questões do cotidiano”.

Branquinho entende que o Festival Évora África é uma janela aberta sobre o continente africano e que vai permitir conhecer alguns aspectos das culturas locais.

E porque Moçambique tem estado presente neste tipo de iniciativas, desde Ricardo Rangel a Mário Macilau, incluindo José Cabral, Branquinho vê nesta permanência algo importante na afirmação do país com enorme tradição fotográfica e nas artes em geral. “A nível pessoal é divulgar um novo projecto num cenário completamente diferente de onde foi produzido e consolidar o meu trabalho como artista. É mais fácil entrar nestes circuitos que permanecer neles, há sempre uma grande procura sobre novos nomes”.

Um dos objectivos do festival é celebrar novas expressões artísticas urbanas e as suas influências sobre a cultura portuguesa.

Além de Moçambique, também participam África do Sul, Burquina Faso, Costa do Marfim, Madagáscar, Mali, Senegal e, claro, Portugal.

 

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