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Festival do Livro Infantil da Kulemba realiza-se em Junho na Beira

A celebração do livro infantil organizada pela Associação Kulemba inicia no dia 16 de Junho e vai prolongar-se até 20 do mesmo mês. O festival tem como patrono Mia Couto e contará com a participação de escritores da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).

 

O que se pode considerar pré-lançamento do Festival do Livro Infantil da Kulemba (FLIK) aconteceu esta quarta-feira, na Fundação Fernando Leite Couto, na Cidade de Maputo. Na sessão informal, estiveram Mia Couto, patrono do festival, e Dama do Bling, uma das escritoras convidadas para a edição deste ano.

Entre lembranças e abraços virtuais, afinal Mia Couto assinou o prefácio do livro de estreia de Dama do Bling, Melissa e o arco-íris, os dois autores concordaram sempre no que se refere à importância da celebração do livro infantil no país. O primeiro a falar da iniciativa da Associação Kulemba foi o Mapeador de ausências. Segundo disse, o festival é um evento raro, jovem, que pretende espalhar a palavra literária e a criação artística, orientado para escola, para aqueles que devem saber que não podem ser formados se não se entregarem ao livro e à narração de histórias. Além disso, há também um lado afectivo que leva Mia Couto, em particular, e a Fundação Fernando Leite Couto a associar-se à iniciativa da Kulemba. “Nós somos da Beira. Então, termos este festival a realizar-se lá diz-nos muito. É como se fosse um vínculo”.

A presente edição do Festival do Livro Infantil da Kulemba vai decorrer através das plataformas digitais. No evento não faltarão conversas com crianças, debates, lançamento de livro, representação/ performance e três concursos: literário, de redacção e ilustração. Sobre os concursos, Mia Couto, que vai presidir o júri do prémio literário, afirmou: “Acho que é importante que o jovem tenha um estímulo para competir, mas precisa de compreender que essa competição não é ao nível individual. Ou seja, não escrevemos para ganhar os outros, mas para ganhar com os outros”.

Quem também não resistiu ao convite de participar nesta edição do FLIK é Dama do Bling. A cantora e escritora disse que se sente privilegiada por poder conversar à volta do seu livro Melissa e o arco-íris no festival. “Sempre que posso, associo-me a este tipo de movimento que envolve a leitura, pois a leitura está muito associada àquilo que queremos trazer a um Moçambique perfeito. Quando fiz Melissa e o arco-íris, com prefácio de Mia Couto, uma daquelas coisas que me faz pensar que vou morrer realizada, escrevi trazendo o intuito de deixar mais do que música como legado”.

Bling lembrou que trabalha muito com crianças e adolescentes. E sublinhou: “Fazer a obra e dar palestras com crianças é um acto de libertação. Temos de dar continuidade às coisas que fazemos. Espero contribuir bastante neste projecto”.

Apesar de ser conhecida como cantora, Dama do Bling sente-se realizada na escrita. Mas advertiu que não é fácil ser escritora e ainda explicou por que é importante estar com outros autores: “O amor pelas coisas que fazemos só importa quando é partilhado. Estes intercâmbios são importantes para perceber que caminhos devemos seguir na nossa arte”.

O FLIK 2021 vai acontecer em parceria com o Centro Cultural Português em Maputo. “É uma bela iniciativa, que nós temos muito orgulho em estarmos associados. O festival vai promover a literatura moçambicana e em língua portuguesa”, afirmou João Pignatelli, Director do Centro Cultural Português em Maputo.

A partir da Cidade da Beira, onde vive, o Director do FLIK referiu-se aos objectivos e ao que move a iniciativa. “O Festival do Livro Infantil é um prolongamento das actividades da Associação Kulemba e tem como objectivo promover a leitura. Achamos que, ao invés de forçarmos as crianças a ler, devemos encontrar um conjunto de actividades entre lúdicas e sérias para que sejam levadas à leitura. Com esta actividade, estaremos a estimular o gosto pela leitura e pela escrita, o que contribui para educação em Moçambique e para o desenvolvimento psíquico das crianças”, esclareceu Dany Wambire.

 

 

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