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FDS em operação de caça aos terroristas para recuperar Palma

Palma está quase deserta. Com praticamente todos os habitantes fora da vila, depois do ataque de quarta-feira, as Forças de Defesa e Segurança asseguram estar numa espécie de “operação de caça aos terroristas” para recuperar o controle de toda a sede do distrito.
As primeiras imagens aéreas depois da invasão dos terroristas à Palma mostram uma vila com quase tudo parado. Ontem, aquando do sobrevoo de jornalistas de diferentes órgãos de comunicação social públicos e privados, levados pelas Forças de Defesa e Segurança, foi possível visualizar uma viatura ainda em chamas, uma coluna de camiões paralisados desde que foram emboscados, além de viaturas tombadas espalhadas em diversos pontos.
O que, por via aérea, não foi possível visualizar são pessoas. Não se vê ninguém a circular pelas ruas da vila cujo nome caiu no mundo, depois da descoberta e início dos projectos de exploração de gás natural na Bacia do Rovuma.
De fonte das Forças de Defesa e Segurança, soubemos que os terroristas não conseguiram tomar toda a vila, porque no momento do ataque estavam no terreno posições militares. Os insurgentes teriam se infiltrado entre civis que vinham de outras zonas atacadas, entretanto nas suas bagagens traziam armas escondidas. Espalharam-se pela Vila até o momento do ataque.
Jovem dá a luz nas matas a fugir do “Al-Shabab
As histórias dramáticas de sobreviventes repetem-se às centenas, ou mesmo aos milhares. Quando a nossa reportagem chegou ao Aeroporto de Pemba, prestes a embarcar para Palma, começou por ser surpreendida pela presença de dois militares feridos, deixados na entrada da infraestrutura aereportuária a espera de uma ambulância.
De seguida chegava uma jovem, sendo empurrada numa cadeira de rodas, com bebé ao colo. “Quando os ataques iniciaram uma activista viu a ela a tentar fugir grávida e decidiu levá-la para junto de outros colegas que também saiam de Pemba em debandada. Depois de cerca de 40 quilómetros mata à dentro ela entrou em trabalho de parto”, explicou a mulher de 24 anos que ajudou no parto, detalhando que “tivemos que arranjar duas estacas para ela apoiar-se e ficar em pé para o trabalho de parto”.
Depois de andar pelas matas conseguiram chegar às margens do Rio Rovuma, quando uma das mulheres que estava no grupo tentou efectuar uma transferência, notando que tinha rede de telefonia móvel, daí que pediram socorro e foram localizadas através de um GPS. À chegada à Pemba a mulher e o bebé foram levados para o Hospital Provincial para cuidados médicos.
Relatos de momentos de terror
Os sobreviventes do ataques de quarta-feira falam ainda em familiares e conhecidos mortos pelos terroristas. Entretanto, porque as FDS “ainda combatem o inimigo”, no Teatro Operacional, ainda não foi possível fazer o levantamento de números, seja em termos de vítimas humanas, assim como infraestruturas que poderão ter sido destruídas.
Em Afungi, prestes a embarcar para Pemba, Laurinda Simão Pedro, uma mulher natural de Montepuez e que trabalhava em Palma como enfermeira contou que “entraram por volta as 15 horas enquanto eu estava de serviço. Saí só com a roupa do corpo e minha bata de trabalho. Tive que dormir na mata”, revelou a mulher, para quem as lembranças trouxeram logo lágrimas. “Enquanto fugiamos uma colega foi capturada. Ouvimos que ela foi morta”, desabafou.
“Eles estavam dentro da vila mas também entraram na mata. Eu só consegui recuperar minha esposa depois de quatro dias. Foi sorte porque não sabia onde ela estava” partilhou, Momad Machud, que também viveu os momentos de pânico.

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