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EUA confirmam que terroristas que actuam em Cabo Delgado pertencem ao “DAESH”

Os Estados Unidos da América confirmaram ontem que os terroristas que há três anos criam insegurança em alguns distritos de Cabo Delgado são pertencentes ao autoproclamado Estado Islâmico do Iraque. Os EUA manifestam disponibilidade para o combate aos terroristas.
O coordenador de contra-terrorismo dos Estados Unidos da América afirmou ontem que os terroristas que desde 2017 causam instabilidade em Cabo Delgado pertencem ao “DAESH” do Iraque e que exploram as fragilidades das fronteiras moçambicanas.
“Temos visto o aumento de terroristas do ‘DAESH’ nos últimos três anos, resultando na morte de mais de 2.000 pessoas e temos visto também, a situação humanitária com a deslocação de milhares de pessoas na província de Cabo Delgado”, disse.
Nathan Sales expressou ainda que o que os EUA têm constatado em grupos terroristas como o “DAESH” é que eles não respeitam os limites nacionais.
“Na verdade, eles exploram as fronteiras. Vimos isso no norte de Moçambique, nestes últimos meses. Elementos do Estado Islâmico em Cabo Delgado têm levado a cabo operações até a Tanzânia”, deplorou o diplomata, em conferência de imprensa telefónica para jornalistas de todo mundo.
Sales, que esteve em Maputo, na semana finda, disse ainda que discutiu com o Presidente Filipe Nyusi sobre as formas como os EUA podem apoiar Moçambique, sendo que foi assumido o compromisso entre os dois países para uma parceria estratégica de fortalecimento das capacidades na manutenção da segurança.
“Um dos principais tópicos das discussões quando eu estive nessa região, foi sobre o que é que os EUA podem fazer para ajudar a reforçar a segurança das fronteiras. Penso que trabalhando com os nossos parceiros, no terreno, poderemos coordenar os nossos esforços para, da melhor forma, conter e deter o terrorismo e, em última análise, derruba-lo”, prosseguiu.
O chefe de Departamento de Contra-terrorismo nos Estados Unidos da América reconheceu que uma possível parceria entre Washington e Pretória seria determinante para a luta contra os terroristas em Cabo Delgado, tanto é que não descartou tal possibilidade.
“Penso que a África do Sul tem um papel a desempenhar como potência económica, militar e uma democracia sólida que muitos países do continente veem como inspiração e liderança. Espero que possamos identificar formas de forjarmos parcerias com os nossos amigos em Pretória, para dissuadir e derrubar as ameaças terroristas no continente”, manifestou Sales.

COMO OS EUA PENSAM EM AJUDAR MOÇAMBIQUE?
Questionado sobre os moldes em que os EUA pensam em adoptar para apoiar Moçambique, face a escalada de violência, o chefe da repartição contra o terrorismo no Departamento de Estado dos EUA disse que a prioridade seria o fortalecimento das capacidades locais na luta contra os malfeitores.
“O que o Departamento dos Estados Unidos fazem em outras partes do mundo é impulsionar e reforçar as capacidades locais para prever os ataques, investigar, recolher evidências no campo de batalha, processar penalmente os perpetradores, bem como garantir que os processos penais cheguem a bom porto”, disse o embaixador, que afirmou ainda que seu país tem diversos sistemas de alta tecnologia para proteger os portos e aeroportos.
“São esses tipos de ferramentas que nós usamos em outros locais e regiões e o que precisamos agora é ver se existe um interesse de prosseguir com essas ferramentas também, em Moçambique”, expressou o diplomata.
A premissa apontada como sugestão da potência mundial para o apoio contra o terrorismo em Moçambique é o fortalecimento das capacidades na vertente de capacitações e treinamento, “por exemplo, das autoridades policiais, na transmissão de técnicas aprimoradas de investigação dos crimes terroristas e prevenção dos mesmos”.
Na conferência de imprensa ontem, o embaixador que dirige o contraterrorismo lembrou que não há soluções rápidas para o combate ao terrorismo.
“O livro de instruções é simples, mas é algo que temos que seguir com especificidade. É muito simples desenvolver o Estado de Direito com capacidades de aplicação para permitir aos investigadores e juízes de modo a garantirem as ferramentas que permitam o combate ao terrorismo, de uma forma sustentável”, salientou.
De momento, a intervenção dos EUA em Moçambique limita-se no apoio humanitário, sendo que a componente de assistência militar dependerá de um plano conjunto a ser elaborado.
“A situação em Cabo Delgado é muito complexa, porque para além dos desafios de segurança apresentados pelo “DAESH”, temos ainda todas as consequências humanitárias que daí derivam”, lamentou, assumindo ainda que mesmo assim a prioridade é manter a segurança, para que as pessoas se sintam firmes nas suas casas e com seus meios de subsistência”.
Questionado se os EUA teriam notado a pobreza como uma das causas para a adesão de jovens nestes grupos, Nathan Sales descartou esse elemento, ao ilustrar que “Bin-Laden não era pobre”.
“Os que levaram a cabo os ataques de 11 de Setembro eram de alto nível de educação com oportunidade económica”, expôs, avançando questões ideológicas na linha da frente.

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