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Especialistas propõem novo modelo de tratamento anti-retroviral

Numa altura em que pelo menos 1.8 milhão de pessoas estão a viver com o HIV em Moçambique e diariamente ocorrem 223 novas infecções, segundo dados do Inquérito de Indicadores de Imunização, Malária e HIV/Sida em Moçambique (IMASIDA-2015), especialistas reuniram-se, no segundo dia das Jornadas Nacionais de Saúde, para discutir abordagens inovadoras na testagem anti-retroviral.

Mais do que diagnosticar e testar de imediato os pacientes com HIV/Sida, é preciso garantir que se mantenham no tratamento. Esta foi a principal ideia defendida pela professora de epidemiologia e medicina na Universidade de Columbia, Wafaa el-Sadr, sustentando os seus argumentos com experiências de países como Estados Unidos da América e Lesotho. “Primeiro, é preciso encontrar as pessoas e depois testar, iniciar e reter as pessoas no processo. Não se pode pensar que são apenas dois passos, porque são no mínimo cinco passos. Há necessidade de reconceptualizar o conceito de testar e iniciar. Desta forma, seria adoptado o método encontrar, testar, iniciar, reter e permanecer”, disse El-Sadr.

Por sua vez, a especialista em nutrição, Ann Marjorie, partilhou a estratégia “mother to mother” da áfrica do Sul, destacando a necessidade de o foco das abordagens serem sempre os pacientes. “A nossa avaliação desta estratégia é muito positiva. E encorajamos todos os que promovem a abordagem par-a-par que façam uma abordagem centrada nos utentes e nos mais vulneráveis. É preciso perceber que as necessidades dos pacientes vão além da oferta do tratamento”, destacou Marjorie.

A falta de informação, os efeitos colaterais dos medicamentos e o preconceito são algumas barreiras apontadas para a não adesão ao tratamento anti-retroviral, num estudo que está a ser desenvolvido pelo Instituto Nacional de Saúde. Para a investigadora Carla Braga, que se centrou no papel das comunidades, as barreiras também estão relacionadas com o atendimento que os utentes recebem quando chegam aos centros de saúde e hospitais.

“Existe uma ideia errada de que todo o mundo que vai às unidades sanitárias sabe o que é farmácia ou laboratório. Durante os estudos que desenvolvi, ficou claro que não é bem assim. é preciso que os profissionais de saúde saibam atender os utentes de forma a que não desistam do tratamento, por não estarem a ser devidamente encaminhados”, disse.

O simpósio, com o tema “Testar e iniciar: novas oportunidades e novos desafios para o controlo do HIV e o apoio das comunidades”, contou com moderação do secretário executivo do Conselho Nacional de Combate ao Sida, Francisco Mbofana.

 

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