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Escolinhas em Maputo receiam cair na falência

Foto: O País

Há escolinhas que receiam falir na Cidade de Maputo, devido ao horário estabelecido das 8 às 12 horas. Os gestores destes estabelecimentos de ensino dizem que o tempo é curto e retrai novos ingressos.

Na quarta-feira, o Presidente da República, Filipe Nyusi, anunciou o relaxamento de algumas medidas restritivas contra a COVID-19, com vista a conciliar a prevenção da doença e recuperação económica do país, mas nem todas as áreas sofreram mudanças.

A título de exemplo, o horário do funcionamento das escolinhas continua das 8 horas às 12 horas. A equipa do jornal “O País” visitou algumas escolinhas e numa delas, localizada no bairro Central, há apenas 15 alunos.

Segundo Isabel Ruas, gestora do estabelecimento de ensino, o número poderia aumentar, mas o horário limita aos pais que desejam matricular os seus filhos. A fonte contou que muitos pais manifestam desejo de inscrever os seus, mas depois mudam de decisão.

“Os pais pagam metade do valor das mensalidades, para compensar o tempo em que as crianças estudam, mas mesmo assim, os pais que neste momento desejavam matricular os seus filhos desistiram”, disse Isabel Ruas.

 Perante à situação, Isabel Ruas fala de prejuízos por cada novo ingresso perdido, quando os encarregados de educação adiam inscrever os seus educandos. É que as contas de manutenção das infra-estruturas do estabelecimento de ensino e para pagar os funcionários começam a escassear.

 A gestora e suas sócias sabem que é preciso ser resilientes, em nome de um projecto construído com muito sacrifício, de tal forma que estão a usar os próprios fundos para cobrir algumas despesas, para que as actividades não parem.

 Se Isabel e suas sócias conseguem ser resilientes, essa força não é a mesma para Maria Loureiro, directora de uma escolinha no bairro da Polana Cimento. A gestora diz que o medo de fechar as portas é maior, pois mesmo sem mencionar os valores, as receitas baixaram drasticamente.

“Não sei se vou ou não conseguir persistir, mas se as coisas não mudarem, acredito que esta e muitas creches vão encerrar as suas portas”, cogitou Maria Loureiro.

Dilson Lissane, um dos pais que a equipa do “O País” encontrou numa das escolinhas, pediu que o horário das creches fosse estendido por mais tempo, alegando que a hora actual não lhe favorece, pois choca com o seu tempo laboral.

“É difícil ter que sair do serviço às 12 horas, para levar a criança de volta a casa. Pretendo matricular o meu filho, mas não descarto a ideia de anular a ideia”, disse Dilson Lissane.

Para além da hora que não é favorável, os gestores das escolinhas e os encarregados de educação dizem que a limitação do tempo de estudos influencia negativamente no aproveitamento dos petizes. A nossa equipa soube, inclusive, que há escolinhas que, sequer, ainda não começaram com os preparativos para iniciar as aulas do presente ano lectivo à espreita.

 

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