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Erdogan vence presidenciais e ganha poderes absolutos

O Supremo Conselho Eleitoral (YSK) declarou Recep Tayyip Erdogan, de 64 anos, vencedor das eleições e em condições para passar a dirigir um novo sistema presidencial executivo no qual é abolido o cargo de primeiro-ministro e os poderes executivos são transferidos para o chefe de Estado, que pode governar com contrapoderes muito limitados.

Erdogan, no poder na Turquia desde 2003, primeiro como primeiro-ministro, e a partir de 2014 como Presidente, impôs-se como o dirigente turco mais popular, mas também o mais polarizador das últimas décadas.

Acusado pelos críticos de adoptar crescentes táticas autoritárias, mas continuando a garantir um importante apoio popular, Erdogan pode, no entanto, enfrentar tempos difíceis, pois os analistas preveem um recuo da economia, atingida pela inflação, a queda da lira turca, e um desemprego que ronda os 10%.

A sua vitória poderá ainda aprofundar as divergências com os aliados ocidentais da NATO, preocupados com a fragilidade da democracia e dos direitos humanos e ainda com o reforço das relações com a Rússia.

No entanto, a lira turca recuperou, esta segunda-feira, na sequência da vitória de Erdogan, que permitirá ao país evitar instabilidade a curto prazo, assinalou a agência noticiosa Associated Press (AP).

No seu discurso de vitória, Erdogan prometeu continuar a perseguir o objetivo em tornar a Turquia numa das dez maiores economias do mundo em 2023, quando a República turca fundada por Mustafa Kamal Atatürk assinala o seu centenário.

Prometeu ainda um combate mais “determinado” contra os ilegalizados rebeldes curdos e supostos membros de um movimento liderado pelo clérigo Fethullah Gülen, exilado nos EUA desde 1999 e acusado de ter orquestrado o falhado golpe militar de Julho de 2016 contra o seu governo.

Gülen tem negado qualquer envolvimento

“A Turquia fez a escolha por um combate mais determinado contra o PKK [Partido dos Trabalhadores do Curdistão] e os ‘gulenistas’”, disse Erdogan, que acrescentou: “Iremos perseguir as organizações terroristas com mais determinação”.

De acordo com o novo sistema, que inclui as “18 medidas” anunciadas no referendo constitucional de 2017 que obteve 51,41% de aprovação, Erdogan vai designar ministros, vice-presidentes e altos funcionários estatais, redigir decretos, preparar o orçamento e decidir sobre políticas de segurança.

De acordo com os resultados disponíveis, que ainda necessitam de ser aprovados pelo YSK, Erdogan obteve 52,5% dos votos, enquanto o seu Partido da Justiça e do Desenvolvimento (AKP, islamita conservador e no poder desde 2003) recolheu 42,4% nas eleições.

 

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