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Eneas Comiche afirma que é primeiro caso de COVID-19 no país

O presidente do Conselho Municipal de Maputo confirmou ontem que ele e a esposa foram diagnosticados positivo com Coronavírus. Eneas Comiche garante que está curado, com energias para retomar o trabalho e contenta-se por não ter infectado mais gente, além da esposa. Entretanto, o edil apela às autoridades de saúde para que não tratem as pessoas infectadas pela pandemia como números.

Acompanhado pela sua esposa, o presidente da autarquia de Maputo recorreu aos órgãos de comunicação social, a partir do seu local de trabalho, no Paços do Município, para, pela primeira vez, pronunciar-se sobre o seu estado de saúde, depois da contaminação pela COVID-19.

Aparentemente fortalecido e no seu estilo característico – sorridente – Eneas Comiche começou por saúda os jornalistas, perguntando, sempre sorridente, como que estavam. Prosseguindo, disse esperar que os munícipes da capital do país, em particular, e os moçambicanos, em geral, “estejam bem e cumprir com rigor as medidas de prevenção do COVID-19 tomadas pelo nosso Governo”.  

“Sinto-me na obrigação de aprestar esclarecimentos em torno da situação em que eu e a minha famílias nos vimos envolvidos, nas últimas semanas, relativa ao nosso estado de saúde”, começou assim o seu discurso de cerca de 22 minutos.

Antes de fazer o esclarecimento que pretendia, o edil de Maputo fez uma contextualização sobre as circunstâncias em que se contaminou pela COVID-19, fora do país. Disse que depois de regressar de Londres, onde participou na Cimeira sobre Água e Clima e criou parcerias para o financiamento de alguns projectos de desenvolvimento e melhoramento de infra-estruturas da capital do país, no valor de 50 milhões de dólares, “gerou-se uma situação pouco clara em torno” da sua saúde.

Eneas Comiche garante que logo que a sua família recebeu a notícia de que “Sua Alteza Serena o Príncipe Albert II, do Mónaco” – que igualmente esteve cimeira anteriormente referida, “havia sido diagnosticado positivo para a COVID-19, submeteu-se a um teste”, no dia 20 de Março passado, e ficou em quarentena domiciliar.

A 23 do mesmo mês, o presidente do Conselho Municipal de Maputo submeteu-se a um segundo teste do Coronavírus e começou a “ficar preocupado e desconfortável” por não ter recebido, “dentro dos prazos previstos, informação oficial” a si dirigida “sobre os resultados” dos exames que havia realizado.

“Por ter começado a ver uma onda de desinformação e especulações sobre o meu estado de saúde, gerou-se um mau estar, não só a nível da minha pessoa e da minha mulher, como no seio da minha família. Esta situação de desconforto atingiu o Conselho Municipal” e todos os outros que nos dias subsequentes tinham estado em “contacto directo comigo, em encontros de trabalho e privado, incluindo membros de diferentes órgãos do partido Frelimo e do Estado (…)”, afirmou Eneas Comiche.  

Por causa do clima a que ele a esposa estavam envoltos, decidiram procurar ajuda à médica da família, a qual advertiu o casal sobre a necessidade de fazer análises clínicas para esclarecimentos sobre o estado de saúde.  

“Recebi três resultados positivos, sendo dois em meu nome e um em nome da minha mulher, Lúcia Maria Comiche”, contou Comiche, sublinhando que o primeiro resultado foi enviado por e-mail, pelo Instituto Nacional de Saúde, a 26 de Março passado e “em formato físico no dia 6 de Abril corrente”, cuja colheita da amostra foi feita a 20 de Março.

O segundo exame positivo para a COVID-19 “recebi por e-mail no dia 14 de Abril”, cuja colheita de amostra aconteceu a 23 de Março último. “No dia 6 de Abril, recebi em formato físico, do Instituto Nacional de Saúde, o resultado positivo da minha mulher, cuja colheita foi feita no dia 23 de Março findo e enviado novamente pelo Instituto Nacional de Saúde e recebido no dia 11 de Abril corrente”.     

“Face a esta situação, submeti-me, de imediato, ao tratamento médico recomendado, tendo eu ficado internado no Instituto do Coração e a minha mulher em isolamento domiciliário”, narrou Comiche e afirmou: “caros compatriotas, a COVID-19 é real, não escolhe famílias, raças, região, idade, origem ética ou social”. Adiante, o edil alertou que “esta doença pode afectar qualquer um de nós e é fatal”.

“Fico feliz em saber que, para além da minha mulher, não infectei ninguém. Sei que os meus familiares directos, os quadros anteriormente referidos que trabalham comigo, fizeram testes com resultados negativos. Os testes foram feitos também aos meus empregados domésticos, motoristas e ajudantes de campo, com resultados negativos para a COVID-19”, disse.

Num outro desenvolvimento o edil de Maputo disse que tanto ele como a esposa já gozam de boa saúde.
“Estamos recuperados da COVID -19. Estamos bem. Nesta oportunidade, quero agradecer, muito profundamente, o carinho e o encorajamento que recebi da minha mulher, desde a primeira hora. Peço-lhe perdão por tê-la infectado. Agradeço o carinho e o apoio dos meus filhos, noras e netos, dos meus irmãos e respectivos cônjuges e dos meus sobrinhos”.

Eneas Comiche afirmou ainda que já está pronto para retomar as suas actividades, “retorno ao trabalho, com a mesma energia e com mesma determinação nas funções de presidente do Conselho Municipal de Maputo – que todos vocês me confiaram, comprometo-me a prosseguir com a implementação do nosso Plano de Desenvolvimento Municipal, no quadro dos desafios que nos são impostos pela Pandemia da COVID-19 contra a qual exorto a todos os munícipes unirmos esforços”.

O edil da capital moçambicana usou a ocasião para criticar o método usado pelas autoridades da saúde na divulgação dos casos positivos da pandemia no país.

 

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