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Empresários defendem a falta de conhecimento por parte do sector para aceder a BVM

Foto: O País

Os empresários moçambicanos não usam a Bolsa de Valores de Moçambique para se financiarem, porque não têm informações sobre o seu funcionamento, quanto menos das vantagens do seu uso. Esta é a justificação que o sector privado deu hoje, no programa O País Económico, da STV.

A Bolsa de Valores de Moçambique existe há mais de 20 anos, mesmo assim, há ainda poucas empresas cotadas. Para já, são 11, mas já foram 13. Sucede que duas delas foram excluídas por terem perdido as condições necessárias para se manter na Bolsa. Detectada e até assumida a fraca adesão, urge compreender o motivo disso.

O Presidente da Associação de Comércio, Indústria e Serviços (ACIS), Luís Magaço, disse que o problema tem várias raízes. Entretanto, Magaço afirmou que, entre as principais razões, está o facto de não haver conhecimento suficiente da bolsa referente à capitalização e o financiamento às empresas, sobretudo, de pequena e média dimensão.

Para Magaço, os empresários de Moçambique têm défice de conhecimento e têm insuficiência de fontes de consultas para obter informações seguras sobre as vantagens de se financiarem através do mercado de capitais. E, o facto de a bolsa estar em Maputo, representa uma barreira na cabeça das pessoas, tendo em conta a dimensão de todo o país.

“Quem faz operações em bolsa está à procura de empresas que o podem informar sobre o valor do seu capital próprio e que corresponde ao valor da acção ou da conta. Em algumas situações, a BVM impõe as condições e o tipo de sujeitos que podem comprar as participações, mas, em geral, o público e as empresas não querem expor a sua vida interna a um mundo que desconhecem”, defendeu Magaço.

O financiamento a grandes empresas também esteve na mesa de debate, e o gestor da ACIS disse que “as grandes empresas públicas, cuja atractividade é muito fraca, não chamam a atenção dos investidores e muitas delas têm capitais próprios negativos. As contas destas empresas têm pouca fiabilidade”.

O dirigente da ACIS reconheceu, porém, que a capitalização bolsista é mais segura em relação aos bancos e traz as suas vantagens, porque não constitui dívida. Se algo correr mal, todos perdem de acordo com o investimento de cada um, na compra de acções disponíveis.

Para o representante da Confederação das Associações Económica de Moçambique, Miguel Joia, as empresas não optam pela Bolsa de Valores pelo medo da transformação na sua estrutura accionista. Sucede que, para que sejam admitidas em Bolsa, as firmas devem tornar-se em Sociedades Anónimas para partilharem as suas acções e, até aqui, ainda não abertura para isso.

Miguel Joia frisou que há mais trabalho por fazer do lado dos empresários e do sector financeiro empresarial do que da BVM, porque existem requisitos para garantir a segurança no mercado visado.

O representante da CTA acrescentou ainda que a maioria do crédito existente na economia é feito pelos bancos comerciais, onde o fornecedor concede ao cliente, na sua cadeia de valor, uma quantia para que execute um determinado serviço e passados 30 ou mais dias efectua o pagamento.

“Os bancos têm, cada vez mais, atendido à necessidade de fazer um financiamento à cadeia de suplementos das grandes empresas. Estamos a falar de centenas de milhões de dólares que estas grandes companhias compram às pequenas e médias empresas, porque as mesmas não podem fazer contração de serviços no estrangeiro. Prefiro não dar um foco à Bolsa, sabendo que existem agentes económicos que operam em Moçambique há dezenas de anos”, explicou Joia.

A VISÃO DA BOLSA

Por sua vez, o director das operações da Bolsa de Valores de Moçambique, Amorin Pery, informou que a participação na bolsa exige capital e o país tem um nível de poupança muito baixo assim como o agente económico-família.

Na mesma senda, Pery acrescentou que a Bolsa fez um diagnóstico, durante dois anos, ao mercado nacional para identificar empresas minimamente organizadas para a Bolsa e 41% delas afirmou que não tinha necessidade de ir ao mercado aberto, porque, a nível da banca, tem a capacidade de negociar

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