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Empresários de Sofala receiam que ciclones impactem negativamente na economia  

Nos últimos 22 meses, a província de Sofala, em particular a cidade da Beira, tem sido fustigada por chuvas intensas, inundações e ciclones. São eventos que, a par do novo Coronavírus, colocam a economia à prova e desestabilizam empresas.

Por conta da situação, os empresários de Sofala andam apreensivos, sobretudo porque os ciclones e as chuvas intensas não são fenómenos efémeros. Com as mudanças climáticas na ordem do dia, a província será novamente vergastada, um dia. Aliás, é comum ser epicentro de eventos extremos.

Neste contexto, o sector privado defende a criação de políticas fiscais específicas nas áreas afectadas, tendo em conta que desde a passagem do ciclone Idai houve pouco ou nenhum apoio. O mesmo acontece desde que foi declarado o surto da pandemia da COVID-19.

“Temos noção de que o governo não tem dinheiro para ajudar a nossa camada, mas acreditamos que algumas políticas fiscais podem serem alteradas” no sentido de se “criar um fundo de maneio para que as empresas possam ser sustentáveis”, sugeriu Félix Paulo, vice-presidente da Associação Comercial da Beira.

A fonte acrescentou que se podia, por exemplo, “suspender o pagamento temporário de alguns impostos” e o dinheiro para essa finalidade seria usado para a revitalização das empresas. “O objectivo fundamental é manter os empregos” e evitar o “risco de criarmos problemas sociais no futuro”.

Nuno Cardoso, empresário beirense, referiu que é humanamente impossível combater certos fenómenos naturais. Os ciclones e as chuvas intensas são exemplos disso.

“A única coisa que deve acontecer para a nossa sobrevivência, tendo em conta que as nossas infra-estruturas têm sido destruídas” a cada vez que há calamidades naturais, é ajudar as empresas. “Por exemplo, o Idai fustigou a cidade da Beira há cerca de dois anos e, apesar do anúncio de apoio, no valor de 1.2 biliões de dólares, pela comunidade internacional, para a cidade da Beira, até hoje nenhum apoio se concretizou. Depois veio a COVID-19. Impossível sobreviver sem apoios”, afirmou Cardoso.

O levantamento preliminar efectuado pelo Conselho Empresarial de Sofala, por conta do ciclone “Eloise”, de acordo com Ricardo Cunhaque, presidente da agremiação, aponta prejuízos de cerca de 42 milhões de dólares no sector. Assim, os empresários reiteram o pedido de isenção de pagamento do IRPS e IRPC.

Eles almejam igualmente “a isenção de taxa de actividade económica ao nível do município, nas licenças para a reabilitação das infra-estruturas danificadas, por um período de dois anos no mínimo. Isso ajudaria a alavancar a economia”, considerou o interlocutor.

Num encontro com o primeiro-ministro, há dois dias, “pedimos fundos para capitalizar as nossas empresas em Sofala e em toda a região centro do país. Aguardamos ansiosos pela concretização destes pedidos”, disse Ricardo Cunhaque.

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