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Em cada 100 hipertensos apenas três têm a pressão controlada

Uma vez diagnosticada, a hipertensão arterial precisa ser controlada, através da medicação. Entretanto, o cardiologista Albertino Damasceno revela que muitos pacientes abandonam o tratamento.

“Uns tomam os comprimidos, mas quando acabam não compram mais. Outros tomam e quando acham que a pressão já está controlada param de tomar e outros simplesmente ignoram a indicação de fazer medicação. E isso vem reflectido no estudo feito em 2015, que mostra que cerca de 16 por cento das pessoas hipertensas sabem que têm a doença e cerca de oito por cento dessas pessoas receberam a indicação de fazer tratamento. Metade delas está a fazer o tratamento e cerca três por cento é que tem a pressão verdadeiramente controlada. Isso significa que de 100 hipertensos somente três ou quatro têm a pressão controlada. É muito pouco”, revelou.

A melhoria da capacidade de diagnóstico nas unidades sanitárias do país é apontada, por Damasceno, como uma das formas para combater a doença. “Os técnicos de Saúde são treinados para diagnosticar doenças como a malária, HIV, tuberculose, mas têm dificuldades de fazer o diagnóstico das doenças não transmissíveis, tal como é o caso da hipertensão. E a situação piora com a falta de equipamentos para a medição da pressão arterial e de medicamentos. É importante que as pessoas saibam cada vez mais cedo que são hipertensas, porque senão vamos pagar muito caro lá a frente. O continente africano, há cerca de 30 anos, não tinha casos de hipertensão, conforme mostram vários estudos. E hoje existe em quase todos os países, principalmente na parte Subsaariana. As doenças não transmissíveis são uma realidade e temos que estar em condições de dar resposta a estes novos desafios”, alertou.

A hipertensão é um problema de saúde pública, cuja prevenção e controlo exigem mudanças de comportamento individual em relação à alimentação, consumo de álcool, tabaco, gestão de estresse e prática de actividade física, assim como a melhoria da capacidade de diagnóstico e controlo das unidades sanitárias do país.

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