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Edilidade de Maputo optou por fazer o “tecnicamente errado” nas estradas

Apesar de ter reconhecido que tapar os buracos das estradas é tecnicamente errado na gestão de infra-estruturas, o Conselho Municipal de Maputo optou pelo caminho que ele próprio chumbou. Na última sexta-feira, começaram as obras de tapamento de crateras em três vias da capital.

Se as vias da cidade de Maputo têm mais buracos do que asfalto não é por falta de intervenções. O problema é o tipo de intervenção. E isso foi assumido no dia 22 de Abril deste ano pelo próprio Município, na pessoa do Director do Ordenamento Territorial no Conselho Municipal de Maputo, Silva Magaia.

“As intervenções que vêm de rotina de tapamento de buracos, tecnicamente não é a atitude correcta na gestão de infra-estruturas e manutenção”, disse, na altura, assumindo o erro.

E agora, veja-se, é errado e, mesmo assim, é o que está a ser feito. Ainda esta sexta-feira, uma brigada do Conselho Municipal tapou três buracos na avenida Julius Nyerere, na sua parte urbana, cujo trabalho resultou em zonas mais negras do asfalto do que o normal. O trabalho foi feito no período nocturno, pelo menos na Julius Nyerere.

Todavia, não foi apenas lá onde esteve a brigada; esteve, também, na avenida Joaquim Chissano e na Rua da Resistência. Em todos esses pontos, o processo feito é o mesmo –  tapar buracos.

Na manhã deste Sábado, a brigada esteve na zona do Benfica, bairro George Dimitro, avenida 04 de Outubro, a fazer o mesmo trabalho. Os técnicos usavam asfalto para minimizar as crateras. E até que resulta, se se fizer uma comparação entre a realidade anterior, caracterizada por crateras, e a actual, verifica-se que há apenas diferença nas tonalidades de negro do asfalto, mas os carros não têm mais de se esquivar de nenhuma cova.

O facto é que, já no ano passado, tinha havido um trabalho igual no período que coincidia com a visita do Presidente da República à cidade de Maputo, ainda assim os buracos foram e voltaram.

Enquanto isso, a lista de vias com buracos por tapar é longa e o trabalho vai continuar nos próximos dias. Aliás, o Conselho Municipal já elaborou uma relação das artérias que deverão beneficiar-se destas intervenções. No total, são 27, sendo que a duração das obras é de um a sete dias em cada via.

O Plano, a que o jornal “O País” teve acesso, mostra, também, a lista das oito avenidas de Maputo que deverão merecer grandes intervenções através de um empreiteiro. Entretanto, uma fonte próxima do processo fez saber que esse é um projecto que ainda não foi aprovado, por isso, enquanto não chegam as grandes intervenções, vão-se fazendo investimentos em soluções consideradas “tecnicamente erradas”.

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