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“É preciso investirmos na rentabilidade da agropecuária com pesquisa e financiamento à inovação”

A Directora-Geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique e o Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária consideram que é preciso investir-se na rentabilidade da agro-pecuária com investigação e financiamento à inovação.

O Instituto de Investigação Agrária de Moçambique (IIAM) tem uma missão bem definida. De acordo com a Directora-Geral daquela instituição, Olga Fafetine, essa missão passa por gerar conhecimento e oportunidades para o agronegócio. Com isso, assegurou a dirigente, o que se pretende é garantir que a rentabilidade da agricultura nacional seja aumentada e que os riscos que estão associados à mesma actividade sejam reduzidos, sobretudo os associados à agricultura do sector familiar.

Enquanto se luta por alcançar a tão almejada rentabilidade, Olga Fafetine explicou que o sector agrícola, no país, enfrenta uma série de entraves: “os entraves que têm dificultado o  desenvolvimento do agronegócio em Moçambique são bem conhecidos. Os mesmos estao relacionados com o acesso limitado aos insumos, as sementes, aos defensivos agrícolas, aos fertilizantes e a algum conhecimento das práticas do maneio agrícola recomendáveis internacionalmente”.

Olga Fafetine explicou ainda que Moçambique está a investir, no sector da pecuária, em melhor o material genético, de modo que as produções sejam de boa qualidade e que cheguem de forma segura aos consumidores. Nesse processo, há um trabalho intenso que está sendo feito no país, relacionado com diagnósticos de doenças e com a prevenção de doenças dos animais, com recurso a vacinas.

A Directora-Geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique disse, neste terceiro dia da MOZGROW, que um dos factores relevantes para o sucesso do agronegócio tem que ver com a capacidade de exploração dos produtos florestais, mas sem degradar o ambiente e a biodiversidade. Do mesmo jeito, os ensaios são igualmente indispensáveis: “o nosso papel é fazer ensaios experimentais até descobrir variadas qualidades [de sementes ou amostras] com melhores atributos em relação aos que já existem”. A ambição do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique é conseguir adquiri qualidades de produtos agropecuários tolerantes às doenças ou a altas temperaturas. “No caso do milho, já temos algumas variedades no mercado que estão a ser muito requisitadas”.

De acordo com a Directora-Geral do Instituto de Investigação Agrária de Moçambique, o negócio da semente é um bom negócio e as empresas deviam investir mais nisso. Essa variadas, quando comprovadas a qualidade, depois, são multiplicadas e conseguem garantir boas receitas aos produtores e ao Estado.

Uma das acções desempenhadas pelo Instituto de Investigação Agrária de Moçambique foi a introdução de variedades que foram tropicalizadas, o que permitiu que agricultores passassem a produzir hortícolas em todo o ano. Nada disso teria acontecido sem investigação ou sem tentativas de melhoramento das sementes ou dos insumos, segundo assegurou Olga Fafetine.

No campo da pesquisa, um dos grandes problemas tem que ver com dinheiro. Sendo uma área exigente, o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique tem trabalhado com iniciativas público-privadas para conseguir financiamento à investigação e à aquisição de tecnologias necessárias para o desenvolvimento do sector. O que se pretende é impulsionar o crescimento de camponeses e empresas privadas. Para o efeito, o Instituto de Investigação Agrária de Moçambique disponibiliza informação e serviços, às vezes gratuitamente.

A participar no debate subordinado ao tema “Investigação e pesquisa como catalisadores da transformação no agronegócio” esteve virtualmente o Presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (EMBRAPA), quem partilhou experiências. De acordo com Celso Moretti, a sua instituição tem o papel de apoiar o desenvolvimento sustentável e competitivo das cadeias produtivas de todas as agriculturas, pequena, média e grande. EMBRAPA tem 47 anos no Brasil. Na altura, quando foi fundada, o Brasil importava tudo, alimentos, carne e estava numa situação de insegurança alimentar, sem tecnologias. Foi com a chegada da EMBRAPA que transformaram a realidade agrícola. “Nós transformamos a realidade da agricultura brasileira. O Brasil, em menos de cinco décadas, saiu de um importador para se transformar num dos maiores exportadores de alimentos, fibras e bioenergia. Isso nós fizemos graças a um forte investimento em investigação, pesquisa, desenvolvimento e inovação”.

Segundo lembra Celso Moretti, houve compreensão do Estado brasileiro que era capital que o país desenvolvesse a sua agricultura e o seu agronegócio e que se investisse muito em ciência, tecnologia e inovação. Por isso, nos cinco primeiros anos foram enviados para fora mais de mil pesquisadores. “Eles foram aprender o que havia de mais inovador e trouxeram conhecimentos para desenvolver a agricultura brasileira. Houve muitos investimentos de peso, em recursos humanos e infra-estruturas”.

A cada ano, a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária busca apoio do sector privado, recursos por meio de parcerias e contratos. Mas a maior parte do financiamento vem do Estado federal.

Olga Fafetine disse que o IIAM está a estabelecer contactos com a EMBRAPA. Por exemplo, o centro de excelência de algodão que está sendo estabelecido no país tem apoio dos brasileiros. Moçambique tem vários estudantes que se vão formar no Brasil e estagiam na EMBRAPA. “Estamos a tentar contactos com eles para trazer projectos de arroz, com especialistas para o nossos centros. Não temos nada de concreto mas estamos a discutir sobre o apoio ao arroz e a feijões. O centro de Namacurra está a começar a sua operacionalização com alocação de quadros e pensamos inaugurar ou este ano ou próximo, com um centro de referência na pesquisa, importante para Moçambique e para a região”.

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