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Disponíveis USD 26 milhões para repovoamento de animais no Parque Nacional de Zinave

O Parque Nacional de Zinave, na província de Inhambane, está em processo de repovoamento. Para o efeito, a Peace Park Fundation está a desembolsar 26 milhões de dólares, valor que inclui a construção de infra-estruturas e educação das comunidades sobre a conservação da fauna e flora.

Em 2015, foi assinado um acordo de co-gestão entre a Peace Park Fundation e a Administração Nacional das Áreas de Conservação. Desse acordo foram realocados, em 2016, 317 animais de diversas espécies. Um ano depois, em 2017, mais 783 animais chegaram ao Parque Nacional de Zinave. Em 2018, a área do santuário do parque passou de seis mil hectares para 18 mil hectarees.

Das espécies em repovoamento, constam o elefante, cudo, inhala, imbabala, hipopótamo, impala, chango, chipene, cabrito cinzento, cabrito das pedras, changane, crocodilo e hiena malhada. Esta última espécie foi recentemente introduzida naquele parque, sendo que está agora na fase de adaptação ao clima da região.

Em 2019, foram reintroduzidas impalas no Zinave, ao mesmo tempo que começou o melhoramento de infra-estruturas do acampamento. As mesmas foram inauguradas na última sexta-feira pelo vice-presidente da Peace Parks Fundation, Joaquim Chissano.

De acordo com Joaquim Chissano, as atenções da instituição que dirige estão viradas para o desenvolvimento sustentável e, por isso, o objectivo principal é potenciar o Parque Nacional de Zinave.

“Queremos desenvolver o parque, potenciar o turismo e gerar mais empregos para as comunidades que vivem nas zonas” à volta. “O nosso foco são as comunidades”, disse Joaquim Chissano.

Segundo o administrador do Parque Nacional de Zinave, António Abacar, a introdução de hienas faz parte de um programa de colocação de animais carnívoros naquela área de conservação. Tal é o caso do leopardo, leão e búfalo, que serão introduzidos no próximo ano.

Mas a caça furtiva ameaça a pretensão de transformar Zinave num grande atrativo turístico em Inhambane. De 2017 até o momento, foram apreendidos 31.044 cabos de aço usados para neutralizar animais, 1060 arcos para caça, 287 armas de fogo de fabrico caseiro e capturados 179 caçadores furtivos.

Com o repovoamento completo, previsto para 2021, pretende-se atrair para Zinave investimento privado para potenciar o turismo de interior.

Segundo a Ministra da Terra e Ambiente, Ivete Maibasse, está previsto, para este ano, o desenvolvimento de um plano estratégico de turismo, que prevê a concessão de três áreas para instalar estâncias turísticas no Zinave.

Existem no Parque Nacional de Zinave 50 fiscais e têm ao seu dispor viaturas e uma avioneta para trabalhos de protecção dos animais daquela área de conservação.

Parque Nacional do Zinave faz parte da Área de Conservação Transfronteiriça do Grande Limpopo, onde há uma grande diversidade de animais de grande porte. De uma famosa concessão de caça, passou, há anos, para uma área de conservação.

Ao longo do rio Save, a noroeste da província de Inhambane, o Parque Nacional do Zinave, estabelecido em 1973, faz a transição entre as terras tropicais húmidas e as terras secas, sendo um importante local de passagem para os mamíferos nómadas que atravessam a região do Limpopo.

Historicamente, o local era conhecido como sendo área de abundância de animais de grande porte, como elefantes, girafas, zebras, boi cavalo e antílopes africanos. Nos anos 50, a caça ao elefante e aos grandes antílopes era prática corrente e nos anos 60 capturavam-se espécies que eram posteriormente vendidas para os jardins zoológicos internacionais. Um dos grandes exemplos desses animais capturados é a “Miss Mozambique”, que saiu do Zinave para um dos jardins zoológicos na Espanha.

Em 1973, Zinave estabeleceu-se como Parque Nacional através do Diploma Legal número 47/73, de 16 de Junho, com 370 mil hectares, para a conservação da fauna e flora, particularmente para a protecção de quatro espécies de animais, nomeadamente a avestruz, girafa, zebra e topi.

Nos anos 80, devido à guerra que assolou o país, estas espécies foram completamente extintas da região. Em 1998, bem depois da assinatura do Acordo Geral de Paz, é que foi estabelecido o acampamento do parque.

Entre 1999 e 2000, as grandes cheias do Rio Save danificaram as infra-estruturas do parque e, por conta disso, o acampamento foi transferido para outro local mais elevado, onde se encontra actualmente.

Hoje, o Parque Nacional de Zinave tem mais de dois mil animais, numa área de mais de 18 mil hectares.

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