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DFI no gás natural: Governo recua e compromete prazos

Impasse entre Governo e petrolíferas adia Decisão Final de Investimento (DFI) na área 4, da bacia do Rovuma, para exploração de hidrocarbonetos. A tomada de decisão estava inicialmente prevista para primeiro trimestre de 2019, mas os novos desenvolvimentos podem esticar o prazo para o 3º trimestre.

A Decisão Final de Investimento do consórcio Mozambique Rovuma Venture (MRV), cujos acionistas são a ExxonMobil, Eni e CNODC, para o investimento de USD 30 biliões na exploração de hidrocarbonetos, já não será nos primeiros três meses do próximo ano, em causa as lacunas identificadas pelo Executivo de Maputo no plano de desenvolvimento apresentado pelas petrolíferas.

"Devolvemos o plano de desenvolvimento do projecto de gás na área 4, da bacia do Rovuma, apresentado pelas petrolíferas em Julho deste ano. O documento apresentava muitas lacunas e violava uma série de requisitos", explicou em exclusivo ao "O País", o Presidente do Conselho de Administração (PCA) do Instituto Nacional de Petróleos (INP), Carlos Zacarias.

Acrescentando, que segundo a Lei de Petróleos, vigente em Moçambique, o Governo tem nove meses para avaliar o plano actualizado do consórcio, ou seja, caso seja rigorosamente seguida a lei, a DFI só pode ocorrer no terceiro trimestre de 2019.

De acordo com dados que tivemos acesso, a área 4, liderado pelo consórcio Eni-ExxonMobil, necessita de 21 a 22 triliões de pés cúbicos (TCF) de gás para alimentar o seu projecto offshore (no mar).

Desta quantidade, 5 TCF virão do complexo Coral Sul, sendo que o complexo Mamba deverá produzir entra 16 a 17 TCF para completar a quantidade total necessária. Porém, o limite autorizado para este campo é de 12 TCF, o que faz com que fique incerta a fonte para as quantidades em défice.

E mais, o argumento das petrolíferas é de que o plano de investimento de 30 biliões de dólares norte-americanos projectados nessa área da bacia do Rovuma, só pode ser viável com a quantidade por elas exigida.

Resumindo. O Governo devolveu o plano inicial de desenvolvimento do consórcio Mozambique Rovuma Venture, em contrapartida este consórcio exige a revisão do limite da extracção do gás natural, ou seja, o impasse é mais complexo do que parece.

Porém, apesar dessas questões, o Presidente do Conselho de Administração do INP, Carlos Zacarias assegura que o projecto não "está estremecido", e sublinha, "tudo depende das petrolíferas".

Refira-se, através do consórcio MRV, a norte-americana ExxonMobil vai liderar a construção e operação das unidades de liquefação e infra-estruturas associadas, em terra (onshore), enquanto a italiana Eni irá liderar a construção e operação das infra-estruturas ‘upstream’, ou seja, de extracção do gás dos depósitos subterrâneos (jazidas), debaixo do fundo do mar, até à superfície, para depois ser conduzido até à fábrica.

Mozambique Rovuma Venture tem, para além, da ExxonMobil, Eni e CNODC que conjuntamente possuem uma participação de 70% por cento na concessão da área 4, cabendo três parcelas de 10% à coreana Kogas, Galp Energia e Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH).

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