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“Deve-se corrigir rapidamente, não se pode esperar muito”, diz Guebuza sobre erros no livro da sexta classe

O antigo Presidente da República, Armando Guebuza, diz ser urgente corrigir os erros contidos no livro da 6ª classe para a reposição da identidade do país. Já o general Hama Thai aponta negligência, comodismo e incompetência como factores que podem justificar os problemas.

A cada dia que passa, mais erros e erros são achados no livro da 6ª classe. As opiniões continuam a chegar de todos os cantos. E, hoje, o “O País” ouviu o posicionamento de algumas personalidades, com destaque para o antigo Presidente da República, Armando Guebuza. O ex-Chefe do Estado disse ser tempo de falar menos e trabalhar mais para não correr atrás do prejuízo. 

“Isso se deve corrigir. Não dá tempo para mais nada. Trata-se da nossa identidade, da nossa nacionalidade e da nossa cidadania. Deve-se corrigir rapidamente, não se pode esperar muito. Fala-se e fala-se, mas deve ser já corrigido. Coitado das crianças que passaram seis meses a aprenderem aquelas coisas. O que se vai fazer? Encontre-se uma maneira de corrigir. O povo tem que não perder a sua identidade”, avançou Armando Guebuza, antigo Presidente da República.    

Sobre os culpados pelos erros nos manuais, Armando Guebuza escusa-se a apontar o dedo. “Eu não sou juiz. Não sou juiz”, respondeu o antigo Chefe do Estado.

Aliás, não foram só duas vezes que Guebuza disse não ser juiz. Questionado sobre a realização das eleições distritais de 2024, o antigo Presidente respondeu nos seguintes termos: “Não sou juiz”.

Voltando aos livros, o general e docente universitário, António Hama Thai, aponta prováveis elementos que explicam os erros contidos no manual da sexta classe. “Um, comodismo de quem é responsável, outro, negligência e terceira hipótese pode ser mesmo incompetência”, enumerou o general António Hama Thai.

Para sustentar o seu pensamento, Hama Thai argumenta que “ficou com a ideia de que as equipas técnicas ligadas ao livro se acomodaram ou negligenciaram. Então, não é entendível, para mim, que nós estamos a elaborar um livro que se destina a formar o futuro do país e se negligencia desse jeito ou pelo menos que não haja uma fiscalização técnico-científica para verificar essas coisas”.       

Hama Thai sugere que haja uma investigação para se verificar se, de facto, houve erro humano ou sabotagem, e os responsáveis devem pagar por isso.

“É preciso distribuir as responsabilidades. Temos que saber quem é o responsável por isso e como ele paga. Na realidade, a solução aritmética seria a substituição por uma edição corrigida, porque não estou a ver capacidade de distribuir uma errata para os distritos recônditos em todas as escolas do país. Além disso, colocar-se-á o problema de custos e estes deviam ser imputados à parte desses que cometeram essa gafe imperdoável”, sugeriu o general e docente universitário.    

A gafe pode até ser imperdoável, mas, para a antiga ministra dos Negócios Estrangeiros, Segurança Social e Ambiente, Alcinda de Abreu, os erros são humanos. “Eu fico surpreendida como vocês andam tão atrás de erros. Vocês sabem quem é o responsável por escrever livros. Por que é que vocês, com esta coragem de abordar para saber a verdade, não vão perguntar aos que fazem o livro. Não perguntem a pessoas que são alheias a este processo. Errar é humano, mas, se vocês quiserem uma verdade, procurem-na nas fontes verdadeiras. Não queiram politizar uma situação que pode ser técnica”, justificou Alcinda de Abreu, ex-governante. 

Os intervenientes falavam à margem do simpósio dos 55 anos do destacamento feminino, organizado pela Universidade Pedagógica de Maputo.   

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