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Desviados bens destinados às vítimas do “Eloise” em Inhassunge

Diversos bens alimentares destinados às famílias que sofreram os impactos do ciclone “Eloise” foram roubados em um armazém no distrito de Inhassunge, na província da Zambézia.

A constatação foi feita na última segunda-feira por uma equipa multissectorial dirigida pela vice-ministra dos Transportes e Comunicações, Manuela Rebelo.
“De facto, detemos alguma irregularidade”, disse ao “O País”, esta sexta-feira, a Secretária de Estado da Zambézia, Judite Mussácula.

A dirigente assinalou que a equipa constatou “que houve falta de produtos alimentares que tinham sido preposicionados para a responder a situação das vítimas do ciclone”. Trata-se de bens alimentares diversos, entre arroz, óleo e feijão.

Mussácula disse ainda que até à última segunda-feira, “o governo do distrito e o ponto focal do INGD não tinham feito a distribuição dos produtos”, deixando claro, deste modo, que os bens foram “pilhados” antes que chegassem aos legítimos destinatários.

Os produtos em referência tinham sido disponibilizados pelo Instituto de Gestão Redução do Risco de Desastres na província, na sequência da passagem do “Eloise” que afectou parte dos distritos da Zambézia.

João Raiva, administrador de Inhassunge, disse ao “O País” que o governo distrital aguarda por mais detalhes do assunto “porque a situação ainda não foi clarificada”.

Entretanto, “O País” apurou que decorrem investigações com vista a se chegar aos autores do escândalo.

Refira-se que este facto é despoletado à imprensa um dia após a publicação do relatório da Transparência Internacional, no qual Moçambique é apontado como um país que “tem falhado na construção de instituições fortes e independentes”, bem como um dos que mais é caracterizado por “fragilidade das instituições”, o que agudiza também o campo para a prática da corrupção.

Aliás, esta não é a primeira vez que ocorrem relatos sobre roubo de bens destinados aos que sofrem os impactos dos desastres. Após a passagem do ciclone IDAI, em Março de 2019, por várias vezes houve alegações e alertas contra desvios dos donativos destinados às vítimas do ciclone.

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