O País – A verdade como notícia

O Secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, recebeu, esta segunda-feira, a delegação nacional que esteve em Acra a participar dos Jogos Africanos e conquistou seis medalhas, e a selecção nacional de futebol de praia, vice-campeã do torneio COSAFA, edição 2024. Mendes felicitou e agradeceu aos atletas por elevarem a bandeira nacional

Foram dois momentos distintos em que o Secretário de Estado do Desporto, Carlos Gilberto Mendes, recebeu atletas que elevaram a bandeira nacional em provas internacionais, nomeadamente a delegação que esteve nos Jogos Africanos de Acra e a selecção que esteve no torneio regional do Cosafa.

Na sua intervenção aos 32 atletas que estiveram em Acra, no Gana, nas olimpíadas africanas, Mendes deixou uma mensagem de encorajamento pelo esforço feito pelos atletas, principalmente por aqueles que estiveram nas finais da respectivas modalidades e não conseguiram as medalhas.

Aliás, Gilberto Mendes disse que os atletas podiam ter feito mais e que o país podia ter tido mais medalhas, com destaque para a medalha de ouro, única que faltou entre os participantes.

Recorde-se que Moçambique terminou a competição africana na 31ª posição com seis medalhas, sendo cinco de prata e uma de bronze.

Já na recepção à selecção nacional de futebol de praia, que também terminou em segundo lugar no torneio regional do Cosafa, Gilberto Mendes felicitou os atletas pelo esforço e disse que a modalidade continua a dignificar o país.

“Estamos satisfeitos, parabéns. Agora, foco no CAN, para que possamos, também, chegar ao Mundial de Futebol de Praia”, disse Gilberto Mendes aos atletas da selecção de futebol de praia.

Mas para tal, de acordo com Mendes, “é preciso que o futebol de praia seja praticado regulamente”.
Rachid, em representação dos atletas, pediu que a modalidade seja vista com mais atenção.

“Esta é a mesma geração de futebol de praia de 2021 que logrou os intentos de ganhar o CAN, em Senegal. Essa geração não esquece das coisas prometidas e nunca perdeu a cabeça, o Presidente da Federação (Feizal Sidat) sabe disso, estámos aqui para lutar por este país, mas pedimos que olhem por nós”, disse Rachid.

Feizal Sidat, Presidente da Federação Moçambicana de Futebol, por seu turno, disse reconhecer ser “uma equipa de humildade e de sacrifício” e por isso, “nós como federação vamos continuar a dar o nosso apoio”.

Recorde-se que para além da medalha de prata referente ao segundo lugar, após perder com Marrocos nas grandes penalidades, Moçambique viu Figo a ser eleito melhor jogador e melhor marcador com oito golos.

Já estão criadas as condições para o arranque, em Maio, do Festival dos Jogos Escolares em Nampula. A Comissão Técnica do evento realizou, hoje, o sorteio que ditou os cruzamentos nas oito modalidades que vão corporizar a prova.

Delegados das 11 províncias que vão fazer parte da maior festa do desporto escolar no país marcaram presença no sorteio da competição, evento que foi dirigido pelo responsável da comissão técnica, Rui Albasine.

A realização do sorteio é um dos passos importantes antes do arranque da prova, que se espera que seja um sucesso. As províncias participantes já sabem com quem irão travar argumentos na oitos modalidades eleitas para a presente edição dos Jogos Escolares, competição sob alçada do Ministério da Educação e Desenvolvimento Humano.

A comissão técnica já tem definido o modelo a ser usado na competição, quer nas modalidades colectivas quer nas individuais.
“As modalidades colectivas terão cinco fases, uma das quais é esta que realizámos hoje, que é o emparelhamento das diferentes equipas. Na segunda fase, todas as equipas continuam a ter as mesmas possibilidades de discutir o título”, explica Rui Albasine, responsável pela comissão técnica do evento.

Explica ainda, desta feita em relação às modalidades individuais como é o caso do atletismo, ginástica e xadrez, sobre que passos serão seguidos durante a prova.

“O atletismo tem o seu calendário, que terá eliminatórias e finais directas. Sempre que houver eliminatórias, passam os dois primeiros de cada série e os dos melhores das duas séries”, anota Albasine.

O responsável pela Comissão Técnica fez saber que a província de Nampula já se esmera, tendo em vista garantir todas as condições necessárias para que os Jogos Escolares sejam um verdadeiro sucesso.

Os 12 clubes do Moçambola poderão conhecer os cruzamentos da prova daqui a uma semana, com a realização, no dia 10 do mês em curso, do sorteio. O acto irá acontecer durante a realização da assembleia-geral ordinária da Liga Moçambicana de Futebol (LMF), por sinal a primeira do novo elenco, encabeçado por Alberto Simango Jr.

O sorteio vai acontecer 10 dias antes do arranque do Moçambola, agendado para dia 20 de Abril. Enquanto isso não acontece, os 12 clubes que vão corporizar a prova intensificam a preparação da época, com a realização de provas internas das suas respectivas províncias.

Na Cidade de Maputo, por exemplo, será conhecido, este fim-de-semana, o desfecho do “provincial”, com a disputa da final entre a Associação Black Bulls e Maxaquene, partida agendada para sábado. A Cidade de Maputo foi a primeira a dar um pontapé de saída no que diz respeito aos torneios de abertura.

Na Província de Maputo, ainda decorre o torneio de abertura, numa competição em que a primodivionária formação do Brera Tchumene FC continua a dar muito boa conta de si, ao assinar resultados volumosos, estando, por isso, bem encaminhada para conquistar a prova. O mesmo acontece com a província de Sofala, onde ainda decorre o torneio de abertura.

Paralelamente às provas locais, algumas equipas que vão participar na maior prova futebolística nacional têm efectuado jogos de controlo com equipas nacionais e internacionais, tendo em vista medir o pulsar dos seus plantéis antes de se dar o pontapé de saída do Moçambola.

São os casos do Ferroviário de Nampula, Lichinga, Desportivo de Nacala, Baía de Pemba e Textáfrica de Chimoio. No prosseguimento dos trabalhos de preparação, por exemplo, os “fabris” do Planalto venceram, no domingo, no campo da Soalpo, o Ferroviário da Beira por 2-1.

Já o Ferroviário de Nampula foi a Lichinga arrancar uma vitória por 2-0 ao seu homónimo local. A União Desportiva do Songo, que apresentou o seu plantel durante o fim-de-semana, continua, também, a intensificar a pré-época, com alguma preocupação à mistura.

É que o seu respectivo director-desportivo, António “Paulito” Trigo, considera longo o período da pré-época. O ex-internacional moçambicano sugere que as estruturas que gerem o futebol moçambicano devem rever o modelo actualmente usado no país.

As duplas masculina e feminina de vólei de praia do nosso país vão realizar um estágio pré-competitivo no Brasil e Portugal para preparar a última janela de apuramento aos Jogos Olímpicos de Paris. Enquanto não chega o estágio fora do continente, as duplas buscam jogos de controlo na região.

É a busca da melhor forma para os atletas moçambicanos terem maior traquejo de defrontar os seus adversários de escala mundial no apuramento aos Jogos Olímpicos de Paris.

A última janela de qualificação terá lugar de 13 a 23 de Junho próximo e Moçambique busca passaporte para Paris, por isso da realização do estágio na América e na Europa.

Em femininos, Ana Paula Sinaportar e Vanessa Muianga é a dupla escolhida, enquanto em masculinos ainda não foi definida a dupla, que sairá do quarteto Ainadino Martinho, Jorge Monjane, José Mondlane e Osvaldo Mungói.

O estágio no Brasil vai decorrer de 8 de Abril a 6 de Maio, para de 7 de Maio a 14 de Junho ser a vez de Portugal acolher os moçambicanos, onde terão vários jogos de controlo.

Para já, a Federação Moçambicana de Voleibol está empenhada em garantir jogos de controlo para os atletas nacionais com as duplas da África do Sul e Botswana.

Vanessa Muianga e Ana Paula Sinaportar vão disputar a última janela em Marrocos, motivadas pela conquista da medalha de prata nos Jogos Africanos em Acra.

A Comissão de Gestão da Associação de Basquetebol da Cidade de Maputo (ABCM), em consonância com os clubes filiados à agremiação, decidiu pela não marcação de jogos do Torneio de Abertura para este fim-de-semana, devido à Páscoa.

Por outro lado, o órgão gestor do basquetebol na capital do país teve em conta as enxurradas que provocaram estragos e condicionaram a mobilidade das pessoas, entre as quais actores do basquetebol, que somente retomaram as suas actividades entre terça e quarta-feira.

Assim sendo, os jogos ficam agendados para o próximo fim-de-semana. Ao nível dos seniores masculinos, o destaque vai, na segunda jornada, para o embate entre o Maxaquene “A” e Ferroviário de Maputo.

Será o reencontro entre Horácio Joaquim Martins (actual treinador do Maxaquene) e o Ferroviário de Maputo, conjunto que orientou ano passado até à fase de apuramento para a Liga Moçambicana de Basquetebol Mozal.

As duas formações entraram com o pé direito na competição, com o Ferroviário de Maputo, comandado por João Mulungo e Gerson Novela, a derrotar a estreante New Vision por 105-78, enquanto o Maxaquene venceu a A Politécnica (58-46).

O Costa do Sol, detentor do título no Torneio de Abertura, terá pela frente o Maxaquene “B”, num duelo em que os “canarinhos” são favoritos a alcançarem a vitória. O Costa do Sol começou a prova com uma vitória sobre as Águias Especiais, por 72-54. Por sua vez, o Maxaquene “B” perdeu com a Universidade Pedagógica, por 73-60.

Ainda a contar a segunda jornada da competição, a A Politécnica terá pela frente o Aeroporto, enquanto o Desportivo de Maputo trava argumentos com as Águias Especiais. A New Vision fica de fora devido ao número ímpar de equipas.

No escalão dos seniores femininos, o Ferroviário de Maputo, que venceu na estreia o Costa do Sol, por 50-46, bate-se com a Lázio, formação que ficou de fora na segunda jornada. A Lázio, lembre-se, reforçou-se para esta competição com Paula Orlando, Helena Augusto, Ana Jaime, Nelda Luciano, Benesita Muchave e Dede Nhamano.

Nas outras partidas, a A Politécnica bate-se com o Costa do Sol e as Águias Especiais defrontam o Maxaquene. O Desportivo de Maputo fica de fora devido ao número ímpar de equipas.

O campeão nacional do Moçambola, Ferroviário da Beira, está entre os seis clubes que não concluíram o processo de licenciamento para época 2024. O processo, que arrancou em Janeiro, terminou na terça-feira. 

Os clubes Textáfrica de Chimoio, Desportivo de Nacala, Ferroviário de Maputo, União Desportiva do Songo e Ferroviário de Lichinga, também fazem parte da lista dos emblemas que não conseguiram concluir o processo de licenciamento de clubes.  

Em causa, está o facto de os seis clubes não terem reunido todos os documentos exigidos pela Comissão de Licenciamento de Clubes da Federação Moçambicana de Futebol. Um dos elementos preponderantes tem a ver com as infra-estruturas. 

Ainda assim, uma fonte ligada ao processo explicou que foi aberta uma nova janela que vai até 5 de Abril para que essas colectividades consigam reunir a documentação em falta. Caso contrário, os clubes que não conseguirem poderão não participar no Moçambola 2024, tal como manda o regulamento do órgão reitor do futebol moçambicano. 

O Costa do Sol, Black Bulls, Ferroviário de Nampula, Baía de Pemba, Associação Desportiva de Vilankulo e Brera Tchumene FC são, neste momento, os clubes que conseguiram submeter os documentos exigidos pela comissão de licenciamento. Os seis clubes aguardam pela avaliação e consequente aprovação dos seus estádios. 

O Departamento de Licenciamento de Clubes da Federação Moçambicana de Futebol (FMF) trabalhou, recentemente, na zona centro do país, onde visitou alguns campos. O campo do Ferroviário da Beira foi um dos recintos desportivos visitados por este organismo. 

O departamento de licenciamento orientou o clube a melhorar as condições do piso do “Caldeirão”, uma vez que apresenta muitas clareiras, o que deriva do facto de o campo ter sofrido uma sobrecarga de jogos e treinos.  Os “locomotivas” têm estado a usar o recinto para a preparação da época 2024 do Moçambola, além de realizar jogos de preparação. 

O Ferroviário da Beira, recorde-se, vai representar o país na Liga dos Campeões Africanos, razão pela qual deverá efectuar muitas reformas nas suas infra-estruturas, de modo a que sejam aprovadas para acolher essa importante prova continental. 

Além do “caldeirão”, o Departamento de Licenciamento de Clubes visitou, na sua digressão pela zona centro, o campo da Soalpo, recinto do Textáfrica de Chimoio. 

Apesar de o campo do Textáfrica ter beneficiado, recentemente, de obras de melhoramento, o organismo conclui que ainda há muitos aspectos que ainda devem ser observados, no caso a melhoria da zona que dá acesso ao interior do campo, o piso e os balneários.

 O Departamento de Licenciamento vai escalar a zona norte do país na próxima semana, a fim de realizar a inspecção dos clubes Baía de Pemba e Ferroviário de Lichinga. 

A FIBA-​​África esteve reunida, fim-de-semana último,  na sua  primeira reunião do Conselho Central para o ciclo 2023-2027,  evento que contou com a presença dos moçambicanos Aníbal Manave, presidente do organismo, e Clarisse Machanguana, indicada ano passado para a Comissão das selecções jovens da FIBA-Mundo.

A Aníbal  Aurélio Manave,  presidente da FIBA-África, e Alphonse Bile, director executivo do órgão, coube a tarefa de abrir o evento havido no centro  decisor da modalidade da bola ao cesto continental. 

Prestigiado pela presença  do presidente da Fundação FIBA, Hamane Niang,  e  membros do Conselho Central da FIBA, ​​Pascale Mugwaneza e Jean Michel Ramaroson, o evento decidiu atribuir a organização do “Afrobasket” 2025 a Costa do Marfim, prova a realizar-se em Julho em Abidjan. Esta será, de resto, a  segunda vez que este país acolhe a competição, depois de ter sediado em 2013. 

A fase de apuramento ao certame, num  formato diferente,  irá obedecer a três janelas de qualificação, sendo que apenas a Nigéria, Senegal, Mali e Ruanda, semi-finalistas de 2023, estão automaticamente qualificados directamente.

Tal como era de esperar, Angola viu ser dado o aval para sediar o “​​Afrobasket” masculino de 2025, evento que irá movimentar 16 selecções desde 2007.

Outrossim,  a calendarização das competições dos escalões de formação estiveram em cima da mesa. É neste sentido que, entre as decisões tomadas, ficou definido que  a  África do Sul vai ser palco do  Campeonato Africano sub-18 masculino e feminino deste ano,  prova a decorrer entre os dias  9 a 18 de Agosto.

A prova, em masculinos, contará com a participação de 10 países em masculinos, enquanto em femininos, vai movimentar 12. Para não variar, os quatro primeiros classificados têm o passaporte garantido para a fase final da competição, nomeadamente Angola, Egipto, Madagáscar e Mali.

A fase de apuramento para o “Afrobasket” sub-18 masculino e feminino vai decorrer de Abril a Junho.

Debateu-se, no encontro, os relatórios sobre as recentes eliminatórias para o “​​AfroBasket” de 2025, bem como sobre a edição inaugural da Liga Africana de Basquete Feminino da FIBA ​​África (AWBL).

E, depois de análises, a FIBA-África decidiu que a Liga Africana de Basquetebol Feminino da FIBA ​​África (AWBL) passa a designar-se  Liga dos Campeões Africanos de Basquete Feminino (WBCLA). A edição inaugural da WBCLA 2024  será em Dezembro deste ano, em Marrocos. 

Entretanto, e no que concerne a questões administrativas, o  Conselho Central da FIBA-África propôs um aumento da sua equipa do Comité Executivo de 7 para 9 ou 11, sendo que a mesma está sujeita à aprovação do Conselho Central da FIBA.

Ponto final a uma ligação que durava desde 2021. A extremo Ingvild Mucaro (Inga) já não vai representar o Clube de Desportos da Costa do Sol, formação com a qual foi campeã nacional em 2021, 2022 e 2023, para além de ter sido vice-campeã africana em Dezembro de 2023.

A não renovação do contrato com o Costa do Sol, segundo avançou a internacional basquetebolista moçambicana ao “Lance Moz”, está relacionada com “os recentes acontecimentos que levaram à situação de profunda insatisfação”.

Segundo Mucauro, citada pela publicação, houve “incumprimento do subsídio de Dezembro, sem aviso prévio e nem justificação dos reais motivos”, o que acabou por causar “surpresa e descontentamento”, assim como “falta de transparência e comunicação”.

Mucauro justificou ainda que “um dos impasses para que o contrato não avance foi o CDS (Clube Desportos da Costa do Sol) querer ter ganhos com os meus contratos com o Interclube, lembrando que sou profissional e nem sou atleta da formação do clube que não detém o meu passe o que tornaria um impasse na realização dos meus sonhos desportivos em jogar noutras ligas”.

A basquetebolista entende, por outro lado, que “após o tratamento recebido no clube não considero viável negociar ou regressar, pois senti-me abandonada e desrespeitada como pessoa. Independentemente do problema enfrentado, humanamente, esperava-se alguma satisfação antes de qualquer decisão drástica, especialmente em Dezembro”.

Em 2019, Mucauro foi considerada a jogadora mais valiosa da Taça dos Clubes Campeões Africanos de Basquetebol, numa competição disputada no Cairo, Egipto, na qual o Ferroviário de Maputo foi vencedor. Fez, tal como a compatriota Odélia Mafanela, parte do cinco ideal do certame.

A basquetebolista moçambicana sagrou-se, em 2022, campeã angolana de basquetebol pelo Interclube, numa prova na qual foi ainda considerada a jogadora mais valiosa (MVP).

Na madrugada de segunda-feira, calou-se a voz de uma figura transversal e multifacetada. De cunho político, jornalístico e desportivo. Figura com enorme sensibilidade desportiva, Manuel Tomé dirigiu os destinos da Federação Moçambicana de Natação entre 1995 e 2000. Período, esse, em que não somente procurou dinamizar a modalidade como também, e porque não dizê-lo(?), capitalizou a sua imagem para se abrirem mais janelas de oportunidade para a natação.

Lutou, com todas as suas forças, para travar “apetites” de algumas elites que pretendiam transformar os espaços das piscinas Raimundo Franisse e Desportivo de Maputo em condomínios privados.

É por isso mesmo que, depois de deixar a presidência da agremiação para cumprir outras missões, foi, por unanimidade, eleito presidente honorário da Federação Moçambicana de Natação, corria o ano civil de 2005.

Mesmo exercendo cargos de responsabilidade no partido no poder, a sua presença naquelas bancadas de madeira da piscina Raimundo Franisse era constante. E em outros locais elegíveis para sediar provas sob a égide Federação Moçambicana de Natação e Associação da modalidade da capital do país.

Não é por acaso, igualmente, que uma das provas “must” do calendário da natação leva a sua designação: Torneio Especialistas Manuel Tomé.

É, por estes momentos, recordado com alguma nostalgia, como um homem apaixonado pela natação e que tudo deu para que desse passes gigantescos.

“Trabalhei com Manuel Tomé desde 1990. Em 1995, por recomendação de Marcelino dos Santos, viajei para Sofala para apresentar a candidatura de Manuel Tomé ao cargo de presidente da Federação Moçambicana de Natação. A candidatura contou com a ajuda de Zaidy Aly e Renato Caldeira”, recuou no tempo Caetano Ruben, presidente da Associação de Natação da Cidade de Maputo.

Tomé identificou-se, desde logo, com o manifesto eleitoral desenhado pelo seu elenco e colocou-o em prática até que a sua missão, na natação, terminasse.

“Manuel Tomé viveu e apoiou a natação. Como presidente, apoiou os atletas e os dirigentes. É uma figura que sempre deu o seu melhor em prol da modalidade. A natação perde um homem que sempre lutou incansável e abnegadamente pela causa da modalidade. Sempre deu o seu calor e carinho aos atletas”, recordou.

Em 2000, uma tragédia abateu-se sobre a natação moçambicana com o acidente fatídico que ceifou a vida a Tânia Anacleto, uma das melhores intérpretes da natação do país, e Reginaldo Correia, na zona de Namaacha.

Mesmo sobrecarregado com as funções de secretário-geral da Frelimo, “Manuel Tomé fez questão de viajar connosco para aquela zona de Namaacha para a localização e transporte dos corpos para a morgue.”  E não se ficou por aí: “Ele criou condições para a realização do funeral. Ele participou em todas as cerimónias fúnebres, consolou a família de Tânia Anacleto. E, quando Raimundo Franisse perdeu a vida, ele sempre esteve presente. Manuel Tomé criou condições para o corpo de Raimundo Franisse ser transladado da África do Sul para Moçambique”.

 

A VOZ DE FERNANDO MIGUEL

O antigo presidente da Federação Moçambicana de Natação, Fernando Miguel, trabalhou com o falecido enquanto dirigente da agremiação, pelo que enaltece o trabalho por ele desenvolvido.

Fernando Miguel não hesitou, quando abordado pelo “O País”, em considerar que “Manuel Tomé é uma figura carismática na natação moçambicana, uma figura que sempre se empenhou para promover a modalidade.”

Miguel entende que “Manuel Tomé teve uma intervenção importante em momentos difíceis da natação, e uma pessoa que sempre esteve disponível e se mostrou aberta, sempre trabalhou com cada um de nós para juntos promovermos a natação em Moçambique”.

Recordar Manuel Tomé é, para todos os efeitos, falar de um dirigente que sempre pautou pela disciplina, rigor e se manteve disponível para promover a natação em Moçambique.

“Trabalhou na Federação Moçambicana de Natação, mas também como presidente honorário, deixando um grande legado de organização interna e coesão de grupo. Foi uma pessoa que sempre lutou pela disciplina e ordem. É uma pessoa que sempre teve grandes intervenções, mesmo fora do seu mandato, como presidente honorário, continuou a dar o seu apoio para materialização daquilo que são os anseios da modalidade.”

Foco na realização de provas regulares, mesmo em cenário de dificuldades financeiras, era o lema do antigo presidente da Federação Moçambicana de Natação.

“Ele sempre se empenhou e encorajou a modalidade. Nunca foi favorável ao cancelamento de torneios, nunca foi favorável ao cancelamento de participação de Moçambique em competições internacionais por falta de condições. Sempre disse que temos de arregaçar as mangas e arranjar soluções. Ele sempre defendeu que os dirigentes são eleitos para encontrar soluções e não para apresentar dificuldades e contratempos”, notou Fernando Miguel. E, adiante, elaborou mais: “E isso até hoje é um lema que guia todo o dirigismo dentro da natação. Todos nos sentimos encorajados a encontrar soluções para que a natação ande para frente.”
Massificação e não elitização da natação foram outros pontos defendidos por Manuel Tomé, tanto como presidente da Federação Moçambicana de Natação quanto como amante da modalidade.

“(…) Manuel Tomé sempre disse que as comunidades em voga das piscinas devem ter acesso à natação, sempre defendeu que a modalidade não deveria ser elitizada. Sempre foi contra uma natação para elites. Nesta perspectiva, teve um papel determinante quando foi para dissuadir ou desencorajar aquelas tendências que existiam de construir a piscina olímpica na Polana. Dizia-se que, no Zimpeto, não há pessoas para fazer natação de elite em piscina de 50 metros. Sempre disse que a natação é para os moçambicanos, e que no Zimpeto há pessoas para a prática da natação.”

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