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Daviz defende unidade como forma de preservar MDM

No discurso inaugural, Daviz Simango evitou abordar directamente os recentes episódios políticos que afectaram o MDM, mas não deixou de mandar recados. Para os críticos internos, avisou que o partido “é uma família” que não tolera a “liberdade de opinião predatória”.

Depois de percorrer duas páginas de saudações aos delegados e convidados, à terceira o presidente do MDM mudou de tom, franziu o sobrolho e mandou recados para dentro. Começou por lembrar que o percurso do MDM foi feito com muitos sacrifícios e, nessa caminhada de oito anos, há valores inegociáveis. Desde logo, a identidade do partido. Daviz Simango defendeu a necessidade de se preservar o MDM como partido político com identidade única. O líder quer combater o surgimento daquilo a que chama de “frente política com a identidade que cada um quer construir para si”. Aliás, fez questão de declarar a unidade no partido: “Somos uma unidade”. Em algumas passagens, os apelos à unidade confundiam-se com apelos à unanimidade. Como se pode ler aqui: “A divisão só interessa a quem se opõe a uma ideia”.

Mais adiante, defendeu a liberdade de opinião, mas deixou claro que a “liberdade de opinião predatória não é legítima”.  

O congresso decorre num momento conturbado para o MDM, mas Daviz Simango falou de um “mundo conturbado”, onde aprender a ouvir e a dialogar é um recurso valioso para “todo aquele que se diz democrata”. Evocando os mitos fundacionais do MDM, Daviz fez notar que o partido nasceu para proporcionar novas oportunidades de renovação da democracia multipartidária. “Porque, para o MDM, a política não deve ser um fim em si, mas sim um instrumento que nos permita mudar a nossa sociedade para melhor”.
Numa altura em que o MDM se prepara para indicar os seus candidatos às eleições autárquicas, o presidente do partido lançou mais um recado: “A política de nenhuma maneira deve servir de trampolim para aqueles que querem tentar um golpe de sorte na vida”.

Sobre o lema do MDM “Moçambique para todos”, Daviz Simango lembrou que se trata de um dos ideais mais nobres para milhões de cidadãos, visa promover a inclusão de homens e mulheres de todas as idades e todas as regiões do país. E defendeu que, para se concretizar o “Moçambique para todos”, é preciso “lutar por Moçambique”, uma alusão à obra de Eduardo Mondlane, primeiro presidente da Frelimo.

E o que significa “lutar por Moçambique” hoje e para o MDM? “Significa lutar com as armas democráticas do voto, do diálogo e da participação política”, explicou Daviz, acrescentando que “o MDM fará o que for necessário pela descentralização efectiva do poder, para que o desenvolvimento chegue a todos os cidadãos”.

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