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“Crise financeira e empresas piratas destroem mercado da indústria metalúrgica”

Pioneira no ramo metalúrgico na província de Manica e a funcionar desde 1981, a Metalúrgica de Chimoio é detentora do monopólio e com créditos firmados ao nível internacional.

Acompanhe, a seguir, a entrevista com o presidente da empresa, José Coelho, que aponta a crise financeira e empresas piratas que estão a operar em paralelo como o “calcanhar de Aquiles” para o desenvolvimento do ramo.

A Metalúrgica de Chimoio é uma das mais antigas indústrias de transformação no país. Há quanto tempo funciona?

Estamos a funcionar desde 1981, foi privada a partir desta altura até 1977, altura em que foi intervencionada pelo Estado pela morte do antigo proprietário da empresa e em 1994 voltou a ser novamente privatizada e passei a ser o proprietário.

Moçambique é um dos países afectados pela crise financeira internacional. Terá esta situação, afectado o desempenho metalúrgico?

Sem dúvidas, isso é global. A crise afectou-nos bastante. Mas também temos problema local que é exactamente a intervenção de várias empresas piratas e paralelas que não são vocacionadas ao ramo, com competências que temos, mas que destroem o nosso mercado económico. Terá que haver alguma reversão desta situação.

Já fizeram chegar esta inquietação à uma estância por forma a se estancar esse fenómeno que mina o ramo metalúrgico?

Sim, este é um problema antigo. A própria Confederação das Associações Económicas (CTA) sabe que a propalação do chamado auto-emprego está a destruir a qualificação dos trabalhadores nacionais, não deixa desenvolver as empresas do ramo. Nós estamos a introduzir equipamento de ponta computarizados para desenvolver nossos trabalhos, mas que hoje não usamos porque não temos trabalho suficiente para fazer com elas.

A inflação do metical face as principais moedas estrangeiras têm alguma influência na aquisição do equipamento e matéria-prima para a metalúrgica?

Têm de algum modo. Mas como somos transformadores, pode influenciar de alguma forma ao nosso cliente. O único sinal que ainda existe é o sistema bancário que não nos ajuda, isto é, os empréstimos são caros, mesmo que saibamos que o dinheiro custa muito dinheiro.

Que influencia tem o preço de energia eléctrica para este ramo de actividade?

Para nós, a electricidade está dentro dos parâmetros do nosso consumo, o que nos prejudica muito são os gases comprimidos. Nós utilizamos aqui gases, como o chamado CO2 e Argon, para a soldadura. Estamos a utilizar máquinas modernas e de consumo muito baixo de energia.

Sendo detentor de monopólio do ramo metalúrgico, quais são os investimentos que tem vindo a fazer para crescer cada vez mais?

Neste momento acabamos não sendo detentores únicos. Todo mundo quer fazer o que a gente faz. Pequenas empresas, singulares, querem entrar no ramo ainda que sem preparação para tal. De qualquer modo, ainda somos a maior indústria do ramo na província de Manica. Temos feito grandes obras. Ainda agora estivemos a fazer grandes peças a serem usadas na reabilitação das barragens de Chicamba e Mavuzi. Para trabalhos grandes, de precisão de e de qualidade, ainda somos os maiores.

Relativamente ao volume de vendas? A quantas está?

O volume de vendas está estável mas com tendências a baixar. Mas estamos ainda a conseguir manter. Ainda há projectos que precisam dos nossos serviços e também estamos a desenvolver máquinas para agro-indústria, especialmente dedicado ao campo, isso tem nos ajudado a manter a nossa balança mensal.

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