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COVID-19 na África do Sul afecta fonte de renda de muitos moçambicanos

Moçambicanos residentes na vizinha “terra do rand” relatam vida difícil devido ao impacto da crise causada pela pandemia do novo Coronavírus nas suas vidas. Muitos enfrentam dificuldades pagar renda e outras despesas

Responsável por cerca de 40% dos casos de COVID-19 do continente africano, a África do Sul continua a ser, de longe, o país mais afectado do continente, o quinto com mais casos activos no mundo e o quarto na lista dos países com maior número de novas infecções por dia.

Com um cumulativo de 287 mil casos do novo Coronavírus e uma situação de transmissão comunitária em quase todas as províncias, a pandemia já tirou a vida a 4 172 pessoas, desde o registo do primeiro caso positivo há cerca de quatro meses. E é naquele país vizinho, onde vive o maior número da diáspora moçambicana, ou seja, a maior comunidade de moçambicanos fora do território nacional, cerca de dois milhões de pessoas.

Felizmente, não há informação oficial de vítimas moçambicanas. Entretanto, as medidas de restrição para a pre-venção da propagação do vírus tiveram grande impacto sobre as fontes de renda.

Da província de Gautent, uma das mais afectada pela pandemia, duas compatriotas descrevem a sua situação. “Estou aqui a trabalhar no Mande-la Square (cidade de Sandton). O negócio baixou em quase 85 por cento, estamos a tentar sobreviver de todas as maneiras”, disse Sheila Gabí, uma moçambicana que vive há anos na África do Sul, acrescentando que “há muitos moçambicanos a passarem dificuldades. Temos que ter muito cuidados e cautela em todos os aspectos”.

Outra moçambicana relata que o Executivo ajudam no pagamento de algumas despesas, entretanto o apoio está a chegar ao fim. “A economia foi muito afectada, muito mesmo. O Governo tentou a ajudar a pagar as nossas con-tas para tentar manter a nossa maneira de viver. Deram-nos três meses sem pagar as nossas contas mas agora está quase tudo a acabar”, explica Dolores Joseph, para quem, com a prorrogação do Estado de Calamidade esta se-mana, o futuro continua uma incerteza.

 

PROBLEMA É A FALTA DE RESPONSABILIDADE INDIVIDUAL
A partir da Cidade do Cabo, uma das zonas mais afectadas pela pandemia do novo coronavírus na África do Sul, Paindane Henrique, moçambicano residente naquele país, revela ao jornal “O País” que a grande fragilidade dos esforços do Governo de Ciryl Ramaphosa no combate a COVID-19 é o comportamento humano.

“Porque a responsabilidade individual não está a ser cumprida, o Governo vai tomar mais medidas e mais me-didas e isto vai tornar-se um ciclo vicioso. O Executivo acaba cometendo erros por causa da pressão do factor humano. A continuar assim, mas medidas tomadas na última prorrogação do Estado de Calamidade não vão con-ter o ritmo de crescimento dos casos positivos”.

Por existirem algumas semelhanças entre Moçambique e África do Sul, quanto aos desafios socioeconómicos com os quais a pandemia encontrou os países, Henrique entende que Maputo deve tirar algumas lições de Pretó-ria.

“Isto não está só do lado do Governo ou do sector privado, mas tem muito a ver com o indivíduo. Se as escolas reabrem e as pessoas não se cuidam não há outra coisa a fazer senão fechar. A diferença entre os dois países, na minha opinião é que há muita consciência dos moçambicanos sobre a importância de lutar contra esta pandemia”, terminou Henrique.

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